e eu nunca esquecerei
como não esqueci da música que tocava
quando você me beijou pela primeira vez
acontece que eu permiti você me magoar
vezes demais
isso nunca mais acontecerá
eu chorei até sufocar
eu chorei até ''crer afoitamente que o que é, é''
e agradeço a van gogh pelo entendimento
você nunca gostou de mim
mentia olhando nos meus olhos
mentia com a minha cabeça repousando no seu peito
mentia entre as minhas pernas
e mentiu no outro lado da tela
estando mais de mil quilômetros de distância
quando tudo o que você me fez voltar para te encontrar
espero que aceite
e compreenda
que nada supre
a sensação de ser límpido
mesmo na fugacidade do gozo
você me quebrou
mas homens como você
criam sem querer
mulheres fortes
nas horas cinzas
você lembrará tudo de nós
e o porquê de nada acontecer na sua vida
mesmo pegando em várias mãos no meio da praça
e exibindo mulheres bonitas para esconder sua feiura
indo do êxtase à náusea
e recorrendo a livros de autoajuda
sem saber que nem mil livros lhe salvarão da sua covardia
porque você sempre será
um esboço de qualquer coisa
qualquer coisa que não evoluiu no meio do caminho
qualquer coisa como uma pedra no caminho do outro
qualquer coisa como a ruína de quem é de verdade
você nunca mais vai acontecer nos meus dias.
Título: Do livro "Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, 1959."
Eh, hora ou outra, o basta chega, e chega que nem besta dando coice. Muito bom!
ResponderExcluirHá coisas que não se esquecem nem se permitem… Belíssimo poema.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
nada é, tudo está: existir é transmutar.
ResponderExcluirabraço.
nada é, tudo está: existir é transmutar.
ResponderExcluirabraço.
nada é, tudo está: existir é transmutar.
ResponderExcluirabraço.
Caralho!
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