eu acho que agora acabou
pela vigésima vez nesse ano
eu pedi tanto para você sumir da minha vida
mas se você acatar
eu adoeço
eu enlouqueço
e apedrejo seu carro
picho a fachada da sua casa
se você sumir
não sei o que farei desse fim
no último final de semana
te vi naquela festa
fingi a noite inteira que não te conhecia
enquanto você me olhou a noite inteira
sabendo bem a louca que eu sou
bebi sorri dancei
e você ali
pela primeira vez na vida me percebendo
depois de tanta coisa dita
e muito silêncio apodrecido
acho que deixar você ir
é me ter de volta.
domingo, 22 de julho de 2018
terça-feira, 10 de julho de 2018
A gente gosta de entrar na merda e sentir o geladinho, até a merda feder.
Eu quis chorar, então fui procurar paz naquela biblioteca com grandes janelas de vidro e vi a noite se aproximando enquanto as pessoas queriam apenas fugir do frio desse julho triste. Mais triste sou eu. Sábado você me deu um gelo, após ter queimado meu coração na sexta-feira. Eu lembro a cara que você fazia, suspirando enquanto minhas mãos passeavam pelo seu corpo, ficamos grandes demais dentro do seu carro apertado. Depois pela primeira vez em dois anos você me falou sobre outra pessoa, eu tive que escutar suas sentimentalidades com cara de paisagem. Você disse que ela é um achado e que talvez nunca encontre alguém como ela nessa vida. Morri por dentro. Se em dois anos você não percebeu que eu também sou um achado, não será nessa existência. Dez meses sem beijar a sua boca só confirmou a minha vontade da sua boca para o resto dos meus dias. Mas você sempre acaba comigo. Mais tóxico que isso só os ares de Chernobyl.
É para mim que você corre quando a vida lhe cansa, apenas eu que não respeito o meu cansaço. Você me faz criar elegias hostis e viver cansada. Fadada à mendicância. Como se escrever meu nome junto a um coração no vidro embaçado fosse prova de afeto bonito. Querendo que eu ficasse lisonjeada e permanecesse na palma da sua mão, enquanto eu desintegro de mim. Meus princípios desviam dos seus, você ri como se fosse doce o sabor do pertencimento. Nós na cidade, constituindo a avenida, dentro da neblina, dentro da garagem, dentro do seu carro, minha cabeça descansando no seu peito, você beijando o meu cabelo e segurando o meu rosto perto do seu. Jamais esquecerei, como não esqueci de cada detalhe seu acontecendo no meu cotidiano nesses dois anos.
Gostar assim rasgou a minha dignidade, logo eu que tanto lutei para parecer correta, hoje me vejo com seus olhos e então sou pueril. De nada valeu os poetas que li, as dores que escrevi, os filmes que lavaram o meu rosto me confirmando a pacacidade da rotina. De nada valeu todo e último amor que julguei ser o mais infame e mais pesado, se a cada nova atração me vejo cada vez mais por baixo. Você, você de todos foi o que mais fez pouco de mim. Ainda assim, te olhei nos olhos pedindo para me salvar de viver outro gostar mais parco logo ali na frente.
Título: Metáfora do Fred Elboni
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