sábado, 27 de julho de 2013

Fora do meu padrão passional

   Custa caro entender porque me dou o trabalho de sentir tanto e me despedir quando o controle sai do papel. Porque me ver assim sendo tão patética por alguém é melhor do que não sentir nada... Eu nunca precisei tanto de uma defesa como agora — meu ponto de vista não vale mais como argumento. Deixou de ser natural quando passei a escrever sobre alguém que não existe — mas existe — entende? Claro que não. Nem eu entendo. Mas depois de tanto tempo eu queria que esse rascunho fosse a minha história principal. Acho que o meu mal está em buscar outras alternativas no que invento pra viver bem. Escrever tem me deslocado para dentro de uma pessoa ingênua, sem maldades. Isso tá acabando comigo. Não fujo de relacionamentos palpáveis por medo da realidade. Tenho pavor é do desgaste, de que tudo vire mais e de que nada doa.
Sim, eu gosto da dor. Por que não? Eu estou pelo drama eterno. Mas não dá para manter minha poesia com as exatas duas semanas de esquecimento do meu personagem mais cretino. Se fosse de acordo com o meu roteiro, ele teria me procurado ao menos três dias depois de eu ter dito que não queria que nos perdêssemos, mesmo com o meu comportamento ridículo ou com essas palavras que mais denunciavam meu imaturo apreço.
   Mas ele se perdeu, e sem saber arrebentou o meu laço de inspiração. É verdade, estou mais preocupada  com o que quero escrever  a seguir, do que com a certeza de que fui rejeitada da forma mais grotesca da vida. Não tem nada a ver com ego dessa vez, obtive satisfação pessoal ao deixar o que pensei ser o primeiro amor pra lá, claro que não foi nada inteligente escrever por quatro anos por uma pessoa egoísta e feia por dentro. Com a maturidade que me foi concedida pelos deuses, entendi... Não foi amor não, foi amostra grátis de dor. Dor poética. Me ajudou a perceber que estou aqui nesse mundo, somente para ser louca dentro do que escrevo. Longe da caneta e papel, sou esse desajuste pendurado em uma pessoa desconjuntada. Minha satisfação pessoal é saber que o que fiz da minha vida é o que ainda me falta fazer dela. Não vou ser uma pessoa comum fadada ao ritmo do cotidiano com a liberdade abortada. A minha continuação virá na hora certa, nem por descuido, não com falsa surpresa. Minha união maior, terá que ser a ultima. Com todo amor e o pacote completo, até minha vida acabar.
   Então, posso perder a sanidade pelas minhas não tão breves atrações — sexuais & poéticas. Mas é o que me agrada fazer hoje. Amanhã não sei, amanhã tento de novo. Agora sobre esse homem que comanda minha ânsia de duas semanas, ver ele sem falar, rendeu tudo isso. E ele vai falar, por eu não falar. Pelo que conheço e não escrevi, ele é esse abuso de confiança, esse congestionamento de sentimentos bons. É o frio na barriga causado pelas borboletas que não são coloridas. É o dia cinza, a paixão underground.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Opus 17

O livro rasgado sob a cama
As poesias que não soube escrever
O dia que fui embora
A hora que não cheguei em você

O fim da tarde que chegou cedo
A perfeição dentro do medo
Eu me subestimando
pra chegar em você

Os dias que não me procurou
Os dias a mais que gostei de ti

O costume
Os danos
O que não faz sentido
O que não era destino

A maldição
As repostas

O que não me disse
O que imaginei

Também foi o que quis
e não me quis

Nem com os lábios pintados 

eu consegui escrever minha boca na sua

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Quase adeus João

   "Eu nunca te rejeitei por ser louquinha", ele fala tal palavra no diminutivo para que minha insanidade o perdoe. E hoje é mais um dia que vou dormir brigada com a certeza. Até parece que ele me trata tão friamente para eu não esquecer que estamos no inverno. Enquanto eu digo que me estrago sem evitar ele concorda e ri sem hesitar. Nossa combinação astrológica diz que sou seu paraíso astral. E para mim, ele só está sendo o meu inferno. O que escrevi outrora, sobre ele ser minha dor mais honesta... Se dissipou. Ele faz doer as minhas verdades e eu volto a viver sem exceções. 
   Ele é esse homem inefável e desregrado e cheio de vícios e irregular e lindamente diabólico que me tira o sono e me põe a escutar meu coração. A cartomante não pode me trazer em 3 dias o que o ego prendeu pra vida toda. Sobre minha mais nova paixão, ela disse... Montanhas hei de escalar até alcançar essa pessoa leviana que me tem simpatia, mas que não me dá segurança.
Acho que ele está para mim como Jonathan está para Adélia. Meu travesti poético.
Não estou preparada para busca-lo longe dessas linhas, e peço perdão pela falta de loucura.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ama e nem sabe mais o que ama

   A canção da noite adentrando as janelas da sala de estar, sirenes, grilos, latidos dos cães inconformados, motores dos automóveis que parecem não chegar a qualquer lugar. Crianças marcando as calçadas e rindo contra ao vento no meio da noite. Elas sempre vivem mais do que eu. O mundo só quer me acordar... 
   Citando Amélie Poulain ''São tempos difíceis para os sonhadores.'' Tudo com que divido espaço, exala uma desesperada melancolia. Ou minha melancolia ganhou o direito de se apossar do que me cerca. As frutas descansam apodrecidas sob a mesa, não mais gosto mesmo de maçãs... No meu colo, protejo as poesias reunidas da admirável Adélia, a imensidão me atinge em cheio. Me sinto tão mais pequena, disfarçando minha vulgaridade poética bebendo álcool barato numa xícara de café.
   O silencio que não faz silencio não quer  me responder quem é esse desconhecido que eu chamo de João. Mas eu queria tanto que ele mudasse a minha vida, como canta Belle And Sebastian... Queria que ele colorisse minha vida com o caos do problema. 

Titulo: Adélia Prado

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ninguém me encanta como você

Pensei que te encontraria no desencontro
Mas estamos nos perdendo mais
Cheguei ao ápice de te querer tanto

E não te ter poderia ser minha
infelicidade particular,
se eu não escrevesse sobre isso.

Fracasso na vontade de te escrever 
coisas só minhas
Roubo todas as palavras 
dos poetas mais corajosos do mundo 
se for pra te dizer sobre o que luto pra entender

Tomei a ternura da Alice Ruiz
Pra você saber...

ninguém me canta
como você
ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Décima letra do alfabeto

Quero me somar com alguém. 
Me diminuir no que escrevo e
me resultar em um amor de portão.

Palavras leves de sentimentos pesados...
Meu passado ainda sabe doer em mim.

Qualquer fim é pouco
E pouco, é o que não quero ter de ti

Tu és o meu ''não sei o que fazer''
E pra ti eu quero ser ''ela é louca por mim''

Não quero ir para a próxima estação
Se essa é a maior atração que já senti