sexta-feira, 31 de maio de 2013

A anatomia da vida

   É a encenação da vida mais pura, mais suja, mais dolorida. É amor que não cabe e não acaba em 40 minutos. Dos olhares indiscretos, das traições, dos danos. Do bar, o sexo e o desconhecido dormindo no tapete da sala. As perdas, as mortes. O adeus que não foi dito. Um pedido de casamento encaminhado ao necrotério... O beijo que abraça a alma, a descoberta da nova paz. A irrealidade concreta, as atrações dissimuladas. Diversas surpresas espalhadas na exata anatomia. O amigo que se foi, as gargalhadas que choramos. As escolhas, os corações magoados. Uma calcinha no bolso, orgulho acabado. A árvore de Natal acolhedora, o fantasma daqueles que já se foram e que ainda vemos por aqui. O amor que não pode ficar pra outra vida... O desespero segurando a mão no chão do banheiro. O vestido que ele não viu, a morte que chegou cedo. A loucura, a certeza da loucura. O abandono. A casa feita de velas, o anel arremessado ao campo. A vida pedindo socorro.
   A pessoa favorita, a amizade em carne viva. O homem que sofreu muitas cirurgias e só não podia suportar perdê-la, ela que o perdeu. Na frente do espelho com lágrimas cortando seu rosto, ela não sabia como... Mas disse, eu sou viúva. 
   A bomba, o avião, o mar. O parto. Outras vidas, novas vidas. Despedidas prematuras, com promessas de vida longa, amor seguro. Filhos, carreira, uma casa bonita. Só a morte aconteceu. E o que será suficiente? Além do amor devotado aos planos... As decisões já foram tomadas, ela fechou a porta. Esses corações se quebram mais uma vez. No outro lado da história, ele tem medo de estragar com tudo que é bonito, porque é um bom homem. Ali mais adiante, pensando ter o perdido ela grita pelo que deixou de dizer. Ela grita pela verdade que não conhecia. Ele surge no meio da explosão como um anjo que salva vidas, depois disso ela só sabe dizer que o quer... Ele lembra do seu casamento marcado. E ela só diz precisar de um motivo para não casar. E se o amor não pode ser suficiente, o que mais podemos ter?
   Escrevo tudo isso, apesar da minha interna confusão, porque já sinto saudade e não quero dizer adeus. Na nostalgia do que já vi, guardo tristeza pra quando acabar. Essas histórias são parte de mim. Eu as reescrevo todos os dias...

Grey's Anatomy é minha poesia preferida. 


4 comentários:

  1. "Um pedido de casamento encaminhado ao necrotério... "
    Hahahaha, que verdade...

    Aaai, como entendo ese sentimento de desazón cando se vai unha serie que nos gusta. Coma un amigo que se perde... Ou a desesperazón de agardar ó seguinte capítulo.

    Vin Anatomía de Grey un par de veces. Non está mal, non está mal. Un pouco telenovelística de máis, se cadra, pero está ben. Aínda que dan moitas voltas.

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  2. Nunca vi grey's anatomy. Mas senti coisa muito semelhante com o fim de House.

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  3. "Um pedido de casamento encaminhado ao necrotério..." - Qualquer maneira de amor vale a pena, Qualquer maneira de amor vale amar. Sempre o mesmo padrão de qualidade poetiza Hellen.

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