Tudo começou
em uma terça-feira
Não importava mais
a beleza triste
Nem a atração
intoxicada
Os dias
sem se falar
foram os que mais
rendeu disparates
E tu conseguiste ser
a única luz
no céu
abandonado
Alguém
que não eu
escrevera
essa história
para acabar
sem final
Outra vez
a impotência
abrange tudo
E quando
é a segunda vez
a gente sempre
acha que vai
saber o que fazer
Até os erros
tornaram-se
mais atraentes
mais leves que o ar
Nada posso fazer
Se teu nome
combina com tudo
Até mesmo com essa solidão
Não retiro
nada do que gostei de ti
se escrevo isso
confessando pecados
ou pedindo perdão
De qualquer forma
Tudo terminou
em uma terça-feira
[também]
terça-feira, 29 de outubro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Crime poético (in 4 pt)
I
Pra quê coerência,
se te acompanho
e a vida não passa?
Se um mês que passa
não muda nada
se o nada é mesmo nada
Dos cafés sem gosto
O meu gosto
pelo o que não apetece
II
Desviando a conduta
os olhos, as mãos
e as vontades
Criando imagens
algemas
e buracos
Entre cuidados
meticulosos,
me afasto um passo
e estou em outro continente
A maldade
está dentro de nós
E já te quis dentro do meu porão
III
Te expulsando do coração
escrevo tua bela morte,
como quem nunca
sentiu saudade
Da experiência
que peguei emprestada na televisão
do que até li e ouvi falar
Após o súbito ato
gostando com
delicadeza bruta
Riscaria a faca
em teu corpo
usando traços cirúrgicos
Enrolando teus pedaços
num lençol azul
Significando
o abraço do Céu
Jogando-o depois
num abismo qualquer
IV
Daí voltaria eu
para minha vida hemorrágica
vista como boa moça
Conquistando mais uma vez
essa alegria desfigurada
Para salvar a situação
17/10/2013
Pra quê coerência,
se te acompanho
e a vida não passa?
Se um mês que passa
não muda nada
se o nada é mesmo nada
Dos cafés sem gosto
O meu gosto
pelo o que não apetece
II
Desviando a conduta
os olhos, as mãos
e as vontades
Criando imagens
algemas
e buracos
Entre cuidados
meticulosos,
me afasto um passo
e estou em outro continente
A maldade
está dentro de nós
E já te quis dentro do meu porão
III
Te expulsando do coração
escrevo tua bela morte,
como quem nunca
sentiu saudade
Da experiência
que peguei emprestada na televisão
do que até li e ouvi falar
Após o súbito ato
gostando com
delicadeza bruta
Riscaria a faca
em teu corpo
usando traços cirúrgicos
Enrolando teus pedaços
num lençol azul
Significando
o abraço do Céu
Jogando-o depois
num abismo qualquer
IV
Daí voltaria eu
para minha vida hemorrágica
vista como boa moça
Conquistando mais uma vez
essa alegria desfigurada
Para salvar a situação
17/10/2013
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Do antes que não sabia
Descobriu prazer vontade ânsia em escrever sobre a podridão sobre a morte urgente a luxuria selvagem no mais escuro de si mesmo com as luzes acesas com o tempo que só parece perdido com a perdição sem tempo estragando afetos com lembranças assim esquecendo nomes não mais trocando interesses e nem palavras pelo que sentiu e não quis escrever do que desacreditou por não ter encontrado na margem da mocidade a severidade que contaminou a ternura sobre o que não entendeu e alguém não quis mais saber concordando com a poesia que adormecer sentimentos é igual a beber café morno então era novidade invadir prédios desconhecidos fingindo conhecer de cor interfone e corredor passando certeza da gentileza recém ensaiada como se os olhos dissessem estou indo para o terceiro andar segura a porta obrigada adentrando histórias prontas deparando-se com portas fechadas e paredes alimentadas de imposição e motivos pessoas escrotas tapetes cordiais e solidão opcional retocando o batom na escada estreita e voltando pela segunda vez para a primeira porta à direita do terceiro andar como se alguém a esperasse se antes conhecesse alguém ali parada em frente aquela porta fantasiando novos receios saboreando a certeza da duvida não apertou a campainha mal podia não sabia quem habitava por detrás do tapete de boas vindas mais sujo do prédio foi embora da forma mais natural como quem acorda de mais um sonho que não foi bem sonho tudo assim sem vírgula pra não dar tempo de respirar tudo assim trivial banal ocasional de sempre pra sempre cujo desfecho foi o mais escrupuloso inimaginável ultrapassando limites da vergonha e do ódio não deixando papel nem verso para toda e qualquer perspectiva real ou literária vestindo impessoalidade banhando-se na imundície além do drama existe a vontade de trancar qualquer sinalzinho de reciprocidade evitando tormento e recriações de paixão limitada porque a verdade não se adia nem se abafa cinco horas da manhã a conformidade assombra e a vida se obriga a ser mais tragável de todas as pessoas mais desgraçadas aquela foi a mais venerada de modo doentio ou não que se foda tudo gira em torno de alguém hora e sempre alguém te distrai se vai tu chora e esquece ou ri e aplaude a merda da casualidade culpa teu coração mole manda tua própria individualidade para a puta que pariu já que ela se perde perto dessas pessoas desgraçadas e bonitas que te intimidam e te fazem parecer alguém que fala merda freneticamente dai tu senta escreve e agora sim esquece porque o trem e os pássaros anunciam o dia lá fora e eu me sumo daqui.
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