quinta-feira, 31 de março de 2016

Te faço nascer de novo quando vejo que não mais sei viver sem excessos

Hoje queria vê-lo
Ao menos de longe
Somente para ter o que escrever
Você não parece
ser de carne e osso
Você parece nunca ter chorado na vida
Seu olhar ponderoso
Parece aniquilar todos os olhos pintados que lhe enxergam
Essa inconstância entre o ser
e o parecer
É o que sustenta a poesia
Hoje eu quero beber
E parafrasear Hilst
Enquanto agradeço
Pela graça e alívio de não te alcançar
Seu ego
rodopia no céu
Quando lê essas coisas minhas
E eu me entristeço por isso.

sábado, 26 de março de 2016

Resquício de Dionísio

Posso escrever sobre você
até quando me oferecer 
papel para isso, Dionísio

Se aparecer outros personagens
Não julgue-me
Eu só escrevo
para quem me dispõe combustível

Você me mostra 
todas as faces inexpressivas 
desse desprezo

Sua teatralidade animalesca 
caçoa do meu coração poeta

E a nitidez do meu desconforto
atua quando lhe vejo feito cachorro
Atrás daquelas mulheres frívolas 
durante a madrugada toda

Você já foi mais envolvente
E mais inteligente
Acho que as Mulheres de Charles
Lhe inspiraram de maneira errônea

Você quer estender sua estatística semanal

Charles queria inspiração
Queria mais
mais do que as putas
mais do que as bêbadas
mais do que as loucas
mais do que as burras que chupam bem

E você?
Você parece não saber o que quer

E eu não quero rir até chorar
quando vê-lo
no mesmo bar
se aproximando
das mesmas putasbêbadasloucas
que só lhe querem 
por causa do seu rosto bonito

Eu posso ser a garota calma e limpa
num vestido de algodão
Mas não importa em qual parte 
do planeta você esteja

Você quer que as putas continuem lhe encontrando. 

02/02/2016

sexta-feira, 11 de março de 2016

Bastasse qualquer gesto, e o precipício não me conheceria

Me abrigo nos livros que não li
Brigo pelas estórias que não pude viver
Eu me obrigo a entender que doses cavalares
de poesia 
Jamais abrasarão corações gelados
Minto para mim mesma
Finjo que compreendo
E logo estou escrevendo cartas
para quem nunca dirá nada

Eu
tal como,
Lispector
Só posso dizer que

Em mim mesma eu vi como é o inferno.