Eu sonhei que lhe via
Acordei às 5 da manhã e pensei nisso
com afinco e estranheza
E no desenrolar do dia
senti que poderíamos nos ver
a qualquer minuto
Alheios e desatentos pela cidade
Mas foi naquela esquina que se recriou
meu silencioso espanto
Você no outro lado da rua
Me olhou para me enxergar
Te olhei para inventar
[Mais esse poema]
Me olhou como quem um dia
comprou um beijo
Como quem compra um jornal
E senti a tristeza velada de Drummond
Me olhou
Te olhei
Olhou para outro lado
Olhei para o chão
Não nos conhecemos mesmo
Você ter tirado a minha roupa
Eu ter te escrito dezenas de poemas
Jamais nos farão conhecidos
Apesar de eu saber o seu nome há 4 anos
Não, você não se chama Dionísio
E nem tudo o que escrevi foi inventado
Suas descrições por mim salientadas
Te fazem previsível
E de mim pouco seletiva.
25/06
Título: Caio Fernando Abreu
profundíssimo!
ResponderExcluirOh, Helen. Meu coração te agradece como quem necessita de um descanso prolongado dentro do instante de um verso.
ResponderExcluir"Me olhou para me enxergar
ResponderExcluirTe olhei para inventar
[Mais esse poema"
Sempre grandiosa, você é mesmo a artesã dessas maravilhosas obsessões,
É do vazio em nós mesmos o ser amado um putativo inverso retrato.
ResponderExcluirGK
Saudade maluca que eu estava daqui, some mais não!
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