sábado, 26 de maio de 2018

Eu sou cordão umbilical, pra mim nunca tá bom

Essa autoanulação
De estender as mãos para as migalhas 
que você deixa cair
Quando você me fere a alma 
falando que viver assim
é a sua meta de vida
Usurpando corpos pela madrugada
Pedindo silêncio ao subir as escadas 
pois os seus pais estão dormindo
E eu aqui
pensando em voltar para isso
Só para ter o seu cheiro na minha pele
na rotação das semanas
Ansiando pela minha próxima vez
Como se fosse bondade sua
me querer de novo
mais de uma vez nesse semestre
O frio do fim de maio
conseguiu alcançar o seu coração
E eu nunca te alcançarei
Hoje eu chorei
Por entender que voltar para isso
É morte bestial
Eu sou aquela personagem de Caio
Que esmagou o corpo contra flores não nascidas
Apertou o peito contra a laje fria do cimento
E como Caio, eu acho que

"Você não vai muito além desses príncipes pequenos suas palavras todas não tenho culpa não tenho culpa eram de quem pedia cativa-me eu já não conseguiria bem lento eu não conseguiria eu não sei mais inventar..."


Título: Todo homem, Zeca Veloso
Trecho do Caio Fernando Abreu retirado do conto A quem interessar possa.

domingo, 6 de maio de 2018

Quero ler isso rindo quando acabar

provas na faculdade
desentendimentos familiares
minha gata adoeceu
tantas coisas pesando a minha cabeça
eu só queria fugir disso
me escondendo no seu quarto
seu cheiro de ilusão boa
tornando minha vida mais à toa
enquanto eu anoiteço 
sempre sem significado algum
escrevo isso
no momento em que você tira o carro da garagem
para buscar alguém
te anseio no outro lado da tela
e vou dormir mais uma vez sem conseguir chorar.