Essa autoanulação
De estender as mãos para as migalhas
que você deixa cair
Quando você me fere a alma
falando que viver assim
é a sua meta de vida
Usurpando corpos pela madrugada
Pedindo silêncio ao subir as escadas
pois os seus pais estão dormindo
E eu aqui
pensando em voltar para isso
Só para ter o seu cheiro na minha pele
na rotação das semanas
Ansiando pela minha próxima vez
Como se fosse bondade sua
me querer de novo
mais de uma vez nesse semestre
O frio do fim de maio
conseguiu alcançar o seu coração
E eu nunca te alcançarei
Hoje eu chorei
Por entender que voltar para isso
É morte bestial
Eu sou aquela personagem de Caio
Que esmagou o corpo contra flores não nascidas
Apertou o peito contra a laje fria do cimento
E como Caio, eu acho que
"Você não vai muito além desses príncipes pequenos suas palavras todas não tenho culpa não tenho culpa eram de quem pedia cativa-me eu já não conseguiria bem lento eu não conseguiria eu não sei mais inventar..."
Título: Todo homem, Zeca Veloso
Trecho do Caio Fernando Abreu retirado do conto A quem interessar possa.
Esse texto acaba de me abrir os olhos para uma situação atual. Você é meu oráculo.
ResponderExcluir♥
ExcluirTe leio sempre com uma euforia de quem come cada letra pensando no prato que virá em seguida. Sua poesia é vício.
ResponderExcluirVício é viver assim, catando migalhas para ter o que sentir.
Excluir<3
Saudades de te ler, Helen! Sua poesia permanece com aquela sensibilidade única! Abraços!
ResponderExcluirMudam-se os amores, menos as dores.
ExcluirHahahah
♥