domingo, 4 de outubro de 2020

vai doer quando não estiver distraído

é como uma música
eu sempre retrocedo para a minha parte favorita
quando percebo que vai acabar
escuto 
escuto 
escuto
minha mente 
mentindo mais uma vez 
que nós ficaremos para sempre
na memória um do outro
e quando você me ver de novo por aí
sentirá o mesmo frio na barriga
como da última vez
pois não importa o que façamos
essa nossa linha emaranhada 
nunca arrebenta
os anos
a distância
a vontade do nunca mais
o desejo do só mais uma vez
eu acho que você me ama
só que nunca quer pensar nisso
mas sei que ainda pensa em mim
pois eu não paro de sonhar com você
o destino ri com deboche
dessa sua ânsia de querer apresentar alguém para os pais
enquanto a ideia de casamento e filhos
lhe desespera até a alma
e ele também ri com com escárnio
de mim
que não sei
não sei trocar de música
não sei ser tocada por outro homem
sem lembrar das suas mãos
essa história não acabou só porque
eu rezei noites a fio para esquecer
você vai padecer estando com quem for
quando me ver com meus cabelos ruivos flamejando
no sol escaldante no final da tarde
nesse dia entenderá bukowski:
                                                     [o velho que você lê por minha causa]
amor
é para os que 
aguentam a sobrecarga psíquica. 

5 comentários:

  1. Magnífico poema! Um amor que é quase só ausência e mágoa...
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  2. Lindo poema!
    Bem profundo e cheio de sentimento.
    Gostei.

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  3. Tu demora a aparecer, mas é sempre genial. E sobre o psiquismo do amor, a alma/mente berra, mas aguenta, por isso esse teu amor tão poético e com nuances Shakespeariana.
    Grande abraço e feliz semana.

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  4. Eh, tem coisas que não passam... Feito uma nódoa, um encardido, uma mancha de cândida, uma cicatriz.

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  5. Tenho um alguém que me assombra assim. Não com tanta presença, mas com as mesmas certezas. Que saudade que eu tava de te ler!

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