sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ama e nem sabe mais o que ama

   A canção da noite adentrando as janelas da sala de estar, sirenes, grilos, latidos dos cães inconformados, motores dos automóveis que parecem não chegar a qualquer lugar. Crianças marcando as calçadas e rindo contra ao vento no meio da noite. Elas sempre vivem mais do que eu. O mundo só quer me acordar... 
   Citando Amélie Poulain ''São tempos difíceis para os sonhadores.'' Tudo com que divido espaço, exala uma desesperada melancolia. Ou minha melancolia ganhou o direito de se apossar do que me cerca. As frutas descansam apodrecidas sob a mesa, não mais gosto mesmo de maçãs... No meu colo, protejo as poesias reunidas da admirável Adélia, a imensidão me atinge em cheio. Me sinto tão mais pequena, disfarçando minha vulgaridade poética bebendo álcool barato numa xícara de café.
   O silencio que não faz silencio não quer  me responder quem é esse desconhecido que eu chamo de João. Mas eu queria tanto que ele mudasse a minha vida, como canta Belle And Sebastian... Queria que ele colorisse minha vida com o caos do problema. 

Titulo: Adélia Prado

5 comentários:

  1. “Queria que ele colorisse minha vida com o caos do problema”, a costumeira elegância e sutileza nas palavras, lindo! Terrível dilema Hellen: as desventuras da paixão, ou a paz de uma acomodação conveniente, de uma solidão a dois, onde já sabemos os próximos capítulos de uma novela sempre repetida. O ser querido aprisionado feito um passarinho na gaiola. “Um porto alegre é bem mais que um seguro”, diz o mestre Caetano. Sei não, ou se morre de tédio ou se vive estressado.

    http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=b5GPHCeg3x0

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  3. As inocências desbotam, mas não é preciso pressa na hora de pintar o mundo ao nosso jeito.

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  4. A procura de alguém que lhe arranque da monotonia dos dias e lhe insira no caos.

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  5. Me encanta particularmente - e cada vez mais - sua capacidade de escrever de maneira tocante sobre um cotidiano aparentemente banal.

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