quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Caminhando pra nunca chegar

Diz que chove aí
Quarta-feira, 3 da manhã
Enquanto aqui penso em escrever
Sobre outros homens com o mesmo nome

Meus quereres
são interessantes anomalias
E a sabedoria
me prostra   

Achei que perdi 
porque achava que tinha
Será a poesia
um prêmio de consolação?

Quando quiser 
me d[escreva seu dia
e aquele et cetera todo

Depois lembra do bilhete
que te dei, advertindo:

''Não tenho mais tempo
para ficar planejando desfechos
para um único personagem

Há tantas pessoas lá fora
que renderiam bons sonetos
Mas você,
você inspira um livro todo

E eu passo a ter medo
de mim''

Hoje ainda tenho medo de mim
e ninguém me inspira mais nada

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Banal se não fosse profético

   Sabe, pés rodopiando, mãos querendo alcançar esse céu de celofane. Os travestis famintos dessa cidade, as drogas que não aparecem na televisão. As tragédias moldando bons culpados, as doenças redimindo pecados. Aqueles degraus, as ruas largas. A contemplação do tempo, ultimas horas. 
   Eu sabia, mas não queria ter certeza. A raiva e eu, o sufoco e eu, o fado e eu. Você tinha que ver. Ver que tudo isso sou eu, abrigo ou céu aberto. Como você quisesse. Agora queria tanto que Caio estivesse aqui, para dançarmos sobre os canteiros, possuídos por alguma alegria maldita e ver o mundo florescer no nosso quintal. Sem entender porque os dias se desenrolam assim, existindo distância entre quem se quer bem. Será que você me entende?


domingo, 12 de janeiro de 2014

Dançando na sarjeta (in 2 pt)

I

Então me afaga com mãos de papel
como se fosse impossível
me escrever sem me tocar

Com toda impessoalidade existente,
aliamos nossos demônios
em busca de qualquer perdição a dois

De uma complexidade 
muito poética 
De uma dramaticidade 
que não me lembra drama algum

Observando que
gostar de você
é como encomendar
minha própria lápide

Trágico,
se eu não admirasse a morte

Sempre quis
que meus meios
adiassem meus fins

Mais do que 
eu poderia supor,
é essa compulsão pela escuridão 

alheia]

II

Meu corpo caindo,
se resumindo a ossos amontoados,
caricaturas mitológicas
e animais de esgoto

Por intermédio
de Hilst,
pergunto-lhe:
Sabes ainda meu nome? 
Fome. De mim na tua vida.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Art

E se eu for uma das pessoas que ele não leva a sério
E se eu não for uma das pessoas que ele leva pra cama

E se eu não parar de escrever sobre ele
E se só existimos no se

Só brinco de escrever pela beleza que encontro depois
Mas ele eu nunca encontrei fora daqui

[31/07/2013]