sábado, 28 de junho de 2014

Algumas falhas de caráter, quem sabe?

Os mesmos rostos repugnantes,
na minha vida decadente
Quando saio da rotina
estou traindo a mim mesma
A apatia me torna superior
A reclusão nunca fora tão mais cativa
Então respondo ''foda-se'' para tudo
Num frenesi repasso mentalmente
imaginários crimes hediondos
Veja, eu poderia ser tão má
já que a escuridão me abrange melhor
Se as amarras não mais segurarem
a minha Selvageria]
Podem usar esse poema na posteridade
Se acaso eu estampar alguma manchete criminal
Sei que minha fúria me jogará do penhasco,
mas não cairei sozinha
Observo que o que me difere de um psicopata
é o sangue que ainda não tenho nas mãos
Mas enquanto isso disfarço
meu transtorno dissociativo de identidade
só matando dentro da poesia.

10 comentários:

  1. Que poema libertador...
    No fim todo psicopata é um artista e por quê não um artista ser sempre um psicopata? Uma coisa desencadeia outra.
    Divino, Hellen.

    ResponderExcluir
  2. Isso de matar em poesia é o que mais se faz, mata-se primeiro nos versos, mata-se o amor, as esperanças, nomes, vidas...
    E você me mata de tanto que escreve bem!!

    ResponderExcluir
  3. O que te difere de um psicopata, é esse sentimento explosivo, esse coração acelerado, esses olhos marejado, que você fez soar tão poético.

    Lindo!

    ResponderExcluir
  4. Muito instigante seu poema, fez-me lembrar de uma frase dita pelo personagem do filme "Psicopata Americano":

    "Minha dor é constante e aguda e não quero um mundo melhor para ninguém. Na verdade, quero infligir minha dor aos outros. Não quero que ninguém escape. Mas mesmo depois de admitir isso, não há catarse. Meu castigo continua a fugir de mim e não obtenho conhecimento mais profundo de mim mesmo. Nada pode ser extraído do que digo. Esta confissão nada significa."

    http://omundoemcenas.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  5. Eu assisti ao filme.
    Essa citação é impecável!

    :)

    ResponderExcluir
  6. Poetisa de mão cheia, amo sua escrita.

    ResponderExcluir
  7. Tem uns versos de um poema que escrevi que me lembram muito esta situação, principalmente a última frase, erroneamente pediu ao próximo que também o fizesse:

    "É possível que em breve extrapole
    Então não se espante com a notícia tardia
    De que foi internada uma alma perdida
    Que em voz alta expôs suas súplicas
    Que em público abusou das infâmias
    Assumiu com gosto sua condição carnal
    E erroneamente pediu ao próximo
    Que também o fizesse...."

    ResponderExcluir