sábado, 9 de agosto de 2014

Minha falta do que fazer resulta nisso

   Eu fico aqui pensando que só posso contar comigo mesma, e quem sabe com todos os livros espalhados nos meus armários e embaixo do travesseiro. Ontem antes de dormir eu não consegui ler, porque deitei a cabeça e fiquei lembrando de você rindo só para mim e isso não vai mais acontecer. A ressonância disso nos meus dias, abala mais do que a minha estrutura emocional. E as sensações ruins são as únicas que me acompanham. 
   Exemplificando as mesmas, são coisas do cotidiano, sabe? Coisas que nunca darão certo, coisas que demorarão para se concretizar, pessoas boas demais, pessoas que gostaria de desconhecer, sentimentos que queria muito nutrir, outros sentimentos que abomino em mim mesma... Aquele vazio bonito e existencial de cada dia... O que desencadeia muitas outras coisas tristes e até indizíveis.
Deixa-me dizer que você foi o sabonete que eu gostei de apertar com as duas mãos pra vê-lo escorregar e cair no chão e nunca se desmanchar, não por mim. Fazia isso para me dar o encantador e árduo trabalho de tê-lo nas mãos já sabendo que não poderia me pertencer. Não assim, e pra me enganar digo que não agora. Mas então quando? Se deixamos o abismo entre duas cidades nos engolir... Seria fraqueza? Será uma Ilusão escrita não por mim, mas por todos os Deuses que em outras vidas desapontamos? Creio que só eu esteja pagando por isso agora.
A doença de cultivar uma veneração por alguém assim, assim tão singular e autossuficiente. Oscar Wilde escreveu que, uma grande paixão é privilégio dos que não tem nada para fazer. Eu parafraseio Drummond e digo que, a paixão tal como a poesia deste momento, inunda minha vida inteira.

5 comentários:

  1. Inunda a vida daqueles que te leem também, moça.

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  2. Ah, a paixão! Intensa como esse texto...

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  3. A Gabriela sente e pensa, a Vanessa pensa e sente e gente como eu agradece pelo poético desse texto, com letras que tem cheiro, cores e asas de borboletas ...
    Obrigado por compartilhar.
    Saudações!

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  4. A melancolia as vezes é mais companheira que a felicidade nômade, que adora passear. Eu uniria os dois pensamentos finais. Amor é um privilégio dos que tem espaço no coração para tanto.

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  5. É interessante como em todos os blogs e livros e casos clínicos que percorro, a temática relacionamento, frustração, esperança solidão estão não só presentes como encrustados. Seria sábio ou maduro da nossa parte conseguir ficar sozinho? A solidão dói mais do que um relacionamento amoroso intenso e intensamente frustrado? Acho que não. Mas, enfim, parabéns pela escrita, tocou as minhas angústias e meus desejos! Muito bom!

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