sábado, 22 de novembro de 2014

Mais uma página da melhor degradação

A vida corre em quilômetros
Eu parei em frente ao espelho
para me ver chorar
Do que adiantaria 
pegar o meu batom mais bonito
e escrever no mesmo espelho
que sinto a sua falta
Se nem um poema lhe comove,
imagine uma frase
Imagine eu, 
em pleno estado de decomposição
Virando pó
Porque minha vida você virou para baixo
como quem termina a última dose de whisky, 
vira o copo e vai simbora

O drama sempre fica
O drama eu posso dizer que é só meu.






9 comentários:

  1. Isso é uma escultura em palavras, uma suave aquarela. O poema transpõe sua moldura, se agiganta a medida que vamos lendo, lapidado feito um diamante, uma joia cintilante num anel. Gostei, Guria, tu é demais! Leio-te pelo prazer que tua leitura me proporciona, unicamente. Vir aqui é algo instintivo.

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  2. A dor e o Amor podem ser igualmente solitários.

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  3. Dá para sentir a vasta agonia e dor, que te consome (ou a personagem), em cada palavra bem ordenada do poema, cada palavra encaixada de modo a transpassar esse colossal sofrimento, e a música também contribui para nos adentrar nesse abismo. Lindo de doer!!!
    Beijos Hellen

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  4. Soneto-acróstico

    Há na web muito mais que besteira
    Entre o joio sem dúvida existe trigo
    Lendo este blogue por brincadeira
    Logo pergunto, porque não o sigo?

    Encontro inteligência nestas linhas
    Nesta distração que porém virou pó
    Hora de perceber o que não tinha
    Onde antes eu lia, burrice de dar dó.

    Sou já fã ardoroso desta blogueira
    Seja para apenas prestar atenção
    E comentar um texto que eu queira.

    Indico, portanto faço recomendação
    No dia-a-dia de segunda a sexta feira
    Ideias, poemas e textos de criação.

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    1. Poema esplêndido, e ainda com citação honrosa ao título do meu blog!
      Obrigada, Jair, estou a lhe seguir também.

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  5. a imagem do batom no espelho me lembrou de um documentário sobre vukowar, a segunda cidade mais arrasada na guerra da bosnia herzegovnia; era um documentario antigo, ainda em vhs, mostrando uma cidade arrasada, os homens mortos, as mulheres estupradas e toda aquela beleza arquitetonica tipica do leste europeu no chao... nisso passa uma cena em que uma filosofa da cidade, no seu apartamento completamente destruido diz algo que me lembro ate hoje: "vendo minha cidade arrasada, tudo destruido, a unica coisa que me restou de beleza foi esse batom" (ela passa o batom no rosto como se aquilo fosse o unico motivo de ainda estar viva)

    um abraço

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    1. Teus comentários sempre tão geniais! Essa cenas do documentário citado, parece portar uma decadente tristeza... Mas marcas e palavras que ultrapassam belezas históricas, por toda morte e dor sentida.

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  6. Que linda canción! É o primeiro que podo dicir, só cos primeiros compases.

    E non podería vir mellor. A melancolía destas doces notas é o complemento perfecto para tan sentido poema. A combinación única dos teus versos con esa linda voz fíxome sentir, novamente, un desacougo que sen ser meu sinto como meu. E a xenialidade das túas palabras, que nunca deixa de abraiarme (a precisión coa que pos de manifesto sempre o mundo das emocións é algo que non vexo con tanta facilidade, pódocho asegurar; fas parecer sinxelo o que para min é imposible; novamente, a maxia da palabra; e ti es o mago...), leva ó punto de case querer chorar. ¿Como podemos chorar por algo que non entendemos, por moito que o comprendamos e sintamos? Pois tal parece ser. Polo menos contigo. E con esta canción.

    Flores, Helen. Mil flores para ti.

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