sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

João é doença

   Você pode sentar nas pracinhas das fotografias e pensar nas madrugadas em que lia minhas poesias, e me dizia querer saber escrever coisas como eu. Você e toda a sua psicologia, querendo me colocar contra a parede até eu admitir ter escrito uma bela ilusão. Você sentia-se incapaz de inspirar um coração... Você pode continuar a esconder seu rosto nas mesmas fotografias, mas eu lhe vejo como ninguém. Diabólico, mas sem pretensão. Você não quer mudar o mundo, você só quer ser o João. O cara mais louco e sem rumo, que eu coloquei dentro do meu coração. Você me deu tanta segurança, se eu tivesse aceitado me daria seu corpo, papel para toda e qualquer poesia... Mais do que poesia e corpo, eu quis sua alma. Você adentrou aquele dois mil e doze, mas eu só lhe quis em dois mil e treze. Ah, seus olhos marginalizados, por você eu cometi um crime: escrever demais. Eu lhe escrevi na palma da minha mão, na parede do meu quarto e nos banheiros públicos mais fétidos da cidade... 
   Você na minha cabeça, vestindo uma camiseta branca e descansando um cigarro na boca. Você no outro lado da linha reclamando daquele frio de maio, rindo, bocejando, sendo tão menino. Você era tão meu, não sendo. Você é mau, isso sim. 
   Você pode não lembrar mais de mim, nas pracinhas ou em novas fotografias, tanto faz.... Essa paixão maldosa nunca vai ser esquecida. 



quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Cada um com o seu João

Os dias me pediram 
para escrever sobre João
[Peço licença 
para a minha nova paixão]
João não morrerá aqui
Ele não beijava meus pés,
nem pisava nos mesmos
João admirava meus calos 
e até fazia graça da aflição
Não massageava pés
e nem ego
''João'',
eu gosto tanto de escrever esse nome
Como se de cada letra, 
eu absorvesse a poesia necessária 
para perfumar as flores da cidade
João, mantém sua presença
nas nuvens mais carregadas
e na ausência mais indolor
João me esqueceu
só para eu lembrá-lo
em cada nova dor.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Pelo amor ao Masoquismo

Salgo a comida por amor
Bebo chá fervendo por amor
Me mutilo
Me autossaboto
Me odeio
Me esqueço no frio
Me derreto no calor
Gosto de quem não gosta de mim
Gosto de quem vai embora
Gosto de quem não me lê
Gosto de quem lê e não me entende
Eu mesma não entendo porra nenhuma
E gosto do desgosto
de não saber como é gostar de mim
Assim,
sem doenças
neuras
histórias
e acasos
Gosto de não saber como é ser saudável
Gosto do erro,
e de ser errada
Sou a ovelha mais colorida da família
e mesmo assim em mim só enxergam
as escurezas.

26/01/2015