Leio suas antigas cartas
e parece que nunca nos perdemos
Sinto o peso de suas firmes mãos
em cada letra tremida
desse papel agora carcomido pelas traças
Faz alto inverno no meu corpo
ao recordar do seu olhar quente
Você leitor, perceba bem a controvérsia
que ele me fez ser
Eu lhe escrevi durante toda a guerra
Nos lemos
na fome
no frio
na dor
no medo
na esperança
de vida, após mais um novo bombardeio
A última carta,
eu não sabia que era a última
Numa passagem, disse-me: A vida tem sempre uma desculpa.
Meu João, dize-me então
em um outro tempo,
noutro espaço de vida...
a desculpa para nos perder assim?
Hoje, ingenuamente o espero
com chuva e suco de maçã.
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ResponderExcluir...é abraiante. Lémbrame a unha canción que sempre me emocionou. Coma sempre, quedo prendido das túas palabras, que con tanta facilidade recrean imaxes e sentimentos na miña cabeza tan nítidos que poden facer saltar as bágoas.
ResponderExcluirAi, como dói esse teu João. Em mim, em nós. Tua poesia é tua força, teu grito.
ResponderExcluirVocê deveria escrever um livro. Eu preciso de um.
ResponderExcluir"Hoje, ingenuamente o espero com chuva e suco de maçã.", poxa... Dizer o que?
ResponderExcluirNa distração, acabei voltando aqui, e virei pó, depois desse poema que socou meu estômago. "A vida tem sempre uma desculpa" é genial!
ResponderExcluirFoi nos momentos mais necessários, e o final, foi para aprender a seguir.
ResponderExcluirJoão (o meu, o seu...) sempre em eterna fuga.
ResponderExcluirTu é algo de muito para e na poesia. Eu gosto de sentir essa tua energia e fé na tua mente e dedos.
ResponderExcluirSaudações.
João (des)carrega urgências inerentes aos corações (cor)rompidos. Obrigada, de novo, por essa.
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