segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Eu só quero querer João

Será João, mais do que um personagem
que vive nas frestas de mim
e brota feito erva daninha em meio ao nada?
Somente para me provar que pode sim, ser tudo?
Eu queria que ele fizesse parte dos outros
Que como os outros, mentisse que vai ficar
e sumisse do mapa depois
Mas suas expressões miraculosas estampam minha mente cansada
Pra onde ele vai quando não se mistura na multidão?
Alguém me diz aonde fica ele
quando o expulso da minha vida primordial
e prometo nunca mais trazê-lo para este papel
Depois de tanto travar guerra entre sossego 
e anseio pela morte
Me vejo bem, e me vejo insípida
para acompanhá-lo

Talvez eu não vá além da mulher fatídica 
e perfurada em frente ao espelho
Será que ele está pronto para isso?
Pronto para mim?
Pensando bem, talvez eu seja João
Um verme que habita frestas 
porque não consegue aceitar 
morar no peito de outrem
Se João não combina comigo 
Eu o encaixo junto de qualquer confusão.




3 comentários:

  1. Meio que kafkiano, achei brilhante, mais que o diamante estrela da Índia. Mas pra ser sincero,prefiro que essa metamorfose poética, fique dentro da ultima estrofe. Pensando bem, talvez você seja, o que torna a poesia mais bonita, de outro jeito, outra vez, João vai parecer uma figura maldita.
    Um abraço

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  2. Nunca vi um tema tão recorrente habilmente alguém conseguir lapidar, envernizar, dar outra demão de tinta, ressuscitar, arrumar de mil formas, como quem faz a um arranjo de flores na floricultura mais próxima. Assombrosa e genial esse tua imaginação que nos presenteia com esses versos viscerais, a flor da pele, escancarados, expostos ao sol do meio dia, sangrando... Mais que leitor, sou teu fã, guria.

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