domingo, 1 de novembro de 2015

Posso te olhar enquanto tu decides o que fazer comigo?

   Tu apareceste no meio da madrugada, se destacando entre os bêbados e loucos da cidade. Quis recuar, quis sair correndo dali, queria que não me visses. Mas no instante em que pensei nisso, tu se recria na minha frente e me sorri sem saber o efeito que isso causa em mim e me entrega palavras difusas e me abraça e te abraço com fúria com medo com loucura. Tu me sorriu dilacerando minha sanidade. Eu lhe entreguei outra carta, acho que virei mensageira desta atração impossível.
   Tu estavas debaixo das minhas unhas novamente, de forma mais fugaz que a última vez. Eu lhe acariciei selvagemente o torso. Abotoei sua camisa e este momento viu quem quis ver. Sinto ciúmes desse teu corpo, queria muito cobri-lo com o meu. Sempre o mesmo bar, sempre o mesmo olhar. Tu és diabolicamente belo, tu parado ao meu lado, me convidando a fitar cada extensão do seu rosto na claridade miserável que o ambiente nos ofertava. 
   Não tem um fio de tua barba que eu ache feio, e o contraste da meia-luz exaltou ainda mais teus olhos de gato. Por que tu brincas comigo, Dionísio? Me cobiças tanto se já me tens. Eu me dei pra ti. Por inteira. 
   Meus olhos tristes são teus, meu corpo anêmico também. Eu sou tua. Então finjas que não sou só uma garota no bar, que eu finjo que não sou só isso pra ti. Finjas que minha poesia o impressiona, que eu finjo que escrevo muito bem. Meu mal.

4 comentários:

  1. Tua paixão, Helen, é incrível. Dionísio é um louco e tuas palavras, um desespero anunciado. Admiro quem fala/escreve com a alma.

    P.s: Teus títulos: eu adoro!

    ResponderExcluir
  2. Então finja que a poesia é livre e ame o mal até que te enxugue todas as palavras.

    ResponderExcluir
  3. E eu, posso te ler, enquanto tu decides quando tu roubas minha vontade,de sim? Tu nem imaginas o que são tuas veias versando tua pele,né?
    Nem eu imagino o que tu podes ser, quando és. Assim ... cúmplice, como toda a natureza da tua alma que alarma a vida, é.
    Beijo em teus cabelos, o que o Universo se vê nos teus versos,que eles sejam sempre meteoritos passantes,e que sobrevivam teus versos em óleos e em teus lábios, beijadores.

    ResponderExcluir
  4. Dionísio, João... Teus personagens te descrevem mais do que qualquer coisa.

    ResponderExcluir