segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Continue sendo silêncio, porque temo você dizer algo e não ser mais interessante

Você possui o charme
da beleza suja
E a vibratilidade disso
me arruína
e me encanta,
tal como um delírio lisérgico
As sensações são irrefreáveis,
o que for estático
não me pertence
Meus gestos meticulosos
não abreviam e nem adiam
a perdição
Você consegue sentir
a estridência destes versos
mal feitos?
Você sente algo além
do fascínio por si mesmo?
Queria lhe conhecer, Dionísio
Mas está escrito
nos quatro cantos
que, só se pode gostar
de outra pessoa
quando a mesma nos é
desconhecida
Então não me atrevo
a quebrar este feitiço
Aceito a atração
que pelos Deuses me foi imposta
Mas por enquanto
só ouso dizer que
nem os esquadros de Calcanhotto,
nem as cores de Almodóvar
e Frida Kahlo, são mais bonitas
que a cor dos seus olhos.

11 comentários:

  1. Ah, o amor que se alimenta do Silêncio! Às vezes, as palavras só nos causam indigestão.

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  2. Helen, você não merece só o silêncio. Por mais que isso lhe inspire, não a vejo sobrevivendo assim.

    Dionísio, na realidade ou ficção, não a vê com os olhos de poesia, ele não vê sua sensibilidade. Porque talvez o que realmente importa seja os olhos da multidão sobre ele e apenas isso. Como outro dia você mesma escreveu.

    Não deixe o ego de Dionísio apagar você.
    Sem você ele é só mais um homem comum com olhos bonitos.

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    1. Estou ciente de tudo, acredite.

      No fim eu me divirto escrevendo meus romances fadados. Esses personagens malditos são o que sei fazer de melhor. Sentenciando minha decadência ou não.

      Deseja-me amor, pois preciso.

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  3. Narciso seria um ótimo nome para o Dionísio também.

    Mantenha-o preso na sua poesia, mas livre na sua vida.

    Beijos

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    1. É verdade, Vitor. Eu deveria ter pensado direito, na hora do batismo.
      Mas como você bem sabe, o imediatismo me comanda.

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  4. Diante dessa sempre valente, determinação poética que eu acho linda e dessa coragem de suportar o amor indeterminado, quero agradecer por tua poesia que completa meus dias e deixar um fragmento de um poema de Neruda, que mais que sempre, me faz pensar nessa tua identidade de poetisa:
    "Quem és? Noites dos mares, dize-me
    se a tua escarpada cabeleira cobre
    toda a solidão, se é infinito
    este espaço de sangue e de prados.
    Dize quem és, cheia de navios,
    cheia de luas que tritura o vento,
    dona de todos os metais, rosa
    da profundidade, rosa molhada
    pela intempérie do amor nu.”

    Grande abraço e boas festas.

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  5. Na cegueira da paixão se enxerga melhor.
    GK

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