Aonde tu andas, Dionísio? Ou aonde ando eu? Não te encontro, não te vejo. Abstinência. Entende? A única coisa que eu sabia que ficaria comigo. Mas preciso vê-lo em qualquer rua, em qualquer esquina, preciso vê-lo me vendo. Suas feições nas fotografias são tão miraculosas, têm vezes que tu pareces uma obra barroca, e nessa contemplação toda, vou ficando oca. Tu és desalmado, mas eu queria tê-lo uma vez mais, apressadamente, lentamente... Tanto faz, se me fizeres viva de novo. Peço ajuda a Drummond, que me socorra, pois não sei mais fazer versos. Tu vives bem com a desimportância de não me ver nunca mais e tomo de assalto as palavras de Carlos, (digo seu nome porque sou uma ladra respeitosa) como um dia já dissera por mim:
Dá mastigados restos
à minha fome absoluta
E eu aceito, calo no absurdo de tanto querer.
Título: Carlos Drummond de Andrade
13/12/2015
Sempre o mesmo tema, sempre o mesmo dilema. E não enfadonhos isso é que me encanta. Os vários Dionísio, João, jamais repetitivos. Abraços, Guria.
ResponderExcluirTu tem um poder estranho,ainda que a gente saiba que tu inventa tudo,que cada poema de amoré fruto da tua árvore imaginativa, ainda assim; sofremos contigo ... tua poesia é tão envolvente que mexe com a alma da gente.
ResponderExcluirSaudações e bom fim de semana.
Desta vez temo por não ter inventado nada, o que tu tens lido por aqui é todo o lodo que vem me acompanhando. Dionísio existe, e ele é exatamente como eu o descrevo, sem alma. Me tem a ternura mais flácida e não quer me inspirar. Mas inspira e dói.
ExcluirSeus personagens desalmados me doem a alma. Teu coração é tão bonito, te ler me liberta sempre.
ExcluirHelen, eu não sei o que dizer, mas esse anônimo disse muito, tu que é libertadora de tantos que apreciam te ler, liberta tua caneta e te põe a escrever, isso é o que tu é e doer, faz parte da tua arte e talento.
ResponderExcluirSaudações.