sábado, 9 de abril de 2016

Todos temos uma Bettie Page

Eu estou bebendo muito
e correndo tanto, 
de qualquer coisa que possa me destruir 
ou me inspirar 
por dois ou três poemas

Me sinto como um rapaz 
vivendo nos anos 50
com um pôster da Bettie Page 
atrás da porta do quarto
Desejando o que nunca vai ter

Não sei se corto o cabelo 
ou mudo o meu trajeto rotineiro

Seus olhos de pesquisa 
jamais compreenderão 
minhas perplexidades

Se eu escrevo muito 
é porque não vivo nada
Se eu escrevo pouco 
acho que não sei viver direito

Já disse que tenho bebido muito? 
Tenho falado coisas apavorantes, 
me declarando 
mais do que o Ministério da Saúde adverte

A tenuidade 
entre o bom senso e a loucura 
divide minha devoção

Você sabe de tudo
E saber que você sabe
vai matando aos poucos o meu lirismo

E eu sei
que a solidão vai nos engolir, meu bem.

7 comentários:

  1. Ninguém sabe tudo o tempo todo, mas você sabe ser você quando escrever poemas que te fazem tão contraditoriamente ampla ( como diria Walt Whitman) e isso me diz que muitos gostariam de uma poesia da Helen page no seu computador.
    Um abraço e boa semana.

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  2. Tu soubes ser tu mesma escrevendo esses belos versos!

    Adorei!

    Beijo

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  3. Dionísio...
    Não sei se agradeço a ele por lhe inspirar, ou agradeço a ti por poder lê-lo.

    Tu se sentes como um rapaz nos 50, almejando um pôster.
    Talvez Dionísio se sinta um rapaz no século XXI, envaidecido com tanto poemas abismais.

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  4. Que facilidade em dispor das ideias, que imaginação! Sou fanzaço, Guria de tua lira.

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  5. Não há doses recomendáveis para sentir, mas talvez o porre de sentimentos seja nossa lucidez.

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  6. Que mágicas são as palavras e você sabe coloca-las tão bem... Escreves com detalhes tão facilmente. Admiro sua escrita e viajo por suas histórias *-*

    Beijos e uma boa noite!

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