Você quer mesmo ser
mais um dos homens
que escarraram no meu coração?
Estou sedenta por inspiração
Se você se desfazer de mim mais uma vez
pode ser que eu cultive um jardim
Noutrora, apedrejaria sua casa
Você prefere as putas ou as santas?
Transito entre as duas divindades
Posso me transfigurar no que quiser
Se eu ainda lhe quiser
Ah, minha alva criatura
Por que me põe tanto desatino?
Parece que pensa em mim no meio da noite
Porque acordo nas horas cinzas
e sinto vontade de sair para caminhar
Deixa-me descortinar suas cores
Mais à frente da brancura da sua tez
e seus olhos verdejantes
Deixa-me tê-lo
na delicadeza e fúria que sou capaz
Não queira vagar sorrateiro por aí
apenas por saber que em mim tem guarida
Naquela noite, eu disse não estar apaixonada
Mas na noite de hoje, não sei mais
Sei que me quer bem
mesmo que não mais me queira
Queria que hoje você dormisse bem
Mas hoje você não dorme, hoje você é da Noite
Que ela lhe cuide então.
Prender apressa o perder.
ResponderExcluirGK
Teus poemas e teus enigmas são dignos da historia grega. Tão envolventes quanto teus cabelos e lábios de Helena,podem ser. Ah criatura! Nem imaginas o bom que é, tudo isso, imaginar ...
ResponderExcluirao ler teus poemas. Gosto da tua paixão, quando escreves.
Boa semana
me encantava como escreves... abraço profundo!
ResponderExcluirTodos aqui já sabemos que isso é paixão. Dionísio se a lê, também já deve ter certeza. Nada e tudo precisa ser dito. Ele deve ter medo, eu teria. Uma mulher escrevendo sobre mim e para mim. Arde e afaga, entende?
ResponderExcluirTem algo nos teus textos que cheira a fumaça de vela apagada. Você mostra o fogo, o calor; se derrete até não ter mais nada.
ResponderExcluirMuuuito bom.
Quase consigo tocar nesse cheiro de vela apagada, de tão presente.
ExcluirObrigada, pela descrição. É tão imperturbável.
Eu li e por fim me vi mentalmente cantando:
ResponderExcluir"Havia mais que um desejo
A força do beijo
Por mais que vadia
Não sacia mais
Meus olhos lacrimejam teu corpo
Exposto à mentira do calor da ira
No afã de um desejo que não contraíra
No amor, a tortura está por um triz".
Esse tempo teu de poesia é sempre um encontrar de caminhos meus. Nunca canso de te dizer: Obrigada! (Pela sempre voz que às vezes me falta).
Esse encontro de lirismo é visceralmente recíproco, Déborah.
ExcluirE essa canção de Djavan?! Assim você me mata!
"No amor, a tortura está por um triz
Mas gente atura e até se mostra feliz
Mesmo sem ter havido, havido
Havia mais que um desejo"
<3
Quanto mais seguimos passos, menos somos.
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