sexta-feira, 17 de junho de 2016

Eu tinha cada vez mais fome de sua bondade

   Veja bem, não é muito fácil deixar pra lá quando seu pai passa por mim e me cumprimenta. E quando eu distraída te vejo passar numa manhã comum há duas quadras da minha casa. São detalhes e acasos ínfimos que fazem eu acreditar que o destino ri mesmo da minha cara. As coisas que escrevi sobre você nas últimas semanas é o resultado da minha ânsia de delírio. Eu amontoo palavras com o que você me dá, você sempre me dispõe de algo, sem querer... Farelos de devaneios. 
   Não é fácil esquecer quando tenho certeza que sou obcecada desse jeito  por ter a Lua em Escorpião. Ah, meu bem... Quero mesmo lhe esquecer, porque bem nenhum você me faz. Eu tão diplomática estou correndo minhas linhas por alguém que não tem nem respeito por mim. Acho que estou merecendo todo o lodo que vem atravancando o meu caminho. O lodo sou eu. Não é você o problema, não se dê tanta importância. O problema é a minha sensibilidade, não aquela sensibilidade piegas e açucarada. Mas a sensibilidade que deposito no meu olhar sobre todas as coisas que insisto em ver como bonitas. 
   Meu coração apaga o que é feio. Meu coração não vê nada até bater no muro, estilhaçar em caquinhos e fazer clack! Meu som preferido poderia ser o riso de alguém perdido nalguma viela desse país, mas meu som preferido é do meu coração quando faz clack! E isso é tão recorrente.
   Você nunca foi bondoso comigo, por isso garantiu tantos poemas.


Título: Arthur Rimbaud

3 comentários:

  1. O pior final é aquele em que não acaba.
    GK

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  2. "Meu coração apaga o que é feio."

    Senti isso desde a primeira vez que te li, e doeu, porque pessoas como você não são respeitadas.

    Obrigado, por escrever.

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