segunda-feira, 20 de junho de 2016

Para o dono da segunda letra do alfabeto

O menino tatuado e ideológico
Que lê Dickens e Orwell
Talvez ele seja
a minha atração mais autêntica
da cidade
Seu corpo rabiscado com palavras fortes
Não consegue ser mais forte
que minha vontade de toca-lo
Ele é o bloco de notas
de olhar castanho
O mesmo olhar que ontem
parecia me ver sem me enxergar
Escondo minhas pretensões
Porque ele é ao mesmo tempo
tão aberto e arredio
Nos dias que
me contava suas coisas
Me fazia vibrar de euforia
Atuo nesse teatrinho
de ser só mais uma amiga
Quando por dentro
me vejo beijando cada centímetro
de sua pele
O que sinto por ele
esbarra num erotismo intelectual
Que me faz gozar
só de imagina-lo nu
Refletindo sobre a sociedade parca
e corrompida
No mesmo segundo
que percorre os seus dedos em mim.

6 comentários:

  1. Esse é o poema mais terno que tu já escreveu, me parece que tu quer silenciar essa revolução de alma e espirito, como tirana, nunca absoluta, dessa tua energia criadora e tão amorosa, que corrompe esse sangue revolucionário em tuas veias.
    As vezes penso que tu sabe mais do que amar e correr.

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    1. É verdade, nunca absoluta.
      Sobre o seu pensamento de que sei mais do que amar e correr, espero que esteja certo. De qualquer modo, escrevo e corro. Me ajuda muito.

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  2. Novas inspirações, novas ondas de originalidade que emolduram novas paisagens. Aqui você pode transitar à vontade entre suas idealizações atemporais, e é essa liberdade que enriquece suas palavras! Saudade daqui, moça!

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    1. Aqui eu falo sem pausas, adoro e odeio com muita imaginação. Aqui sou inteira.
      Obrigada, pelas palavras.

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  3. Que lindo, que lindo. Sempre com escritas maravilhosas!!

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  4. Erotismo intelectual... O melhor.

    Gostei dos novos ares.

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