de ver a chaleira chiar.
Como se com nós conversasse,
contando urgências...
Ele desencaminha nosso assunto,
ganhando meu tempo.
Faço seu café,
tentando lhe devolver o foco.
Ele me olha como quem quer tudo,
e eu só quero algumas palavras.
Já passara da meia-noite
e ele agora troca o hálito do ar
com seu cigarro barato.
Pergunta se tenho por hábito
oferecer café para desconhecidos
largados no meio fio...
Disse que o conhecia
talvez de outra louca vida.
Ele disse que louca sou eu;
e que meu café é amargo.
Pediu-me papel e caneta,
colocou o bilhete em minhas mãos
e saiu sem dizer nada...
Num espasmo li:
''O demônio que habita em ti, já morou em mim.''
Só consegui pensar,
que não perguntei o seu nome.
Desculpe a delicadeza.
Parafraseando Rimbaud, é por delicadeza que se perde a vida.
ResponderExcluirPuxa uma verdadeira máquina de escrever! Exata nas palavras, versos compostos a régua e esquadro, construção precisa, cuidadosamente erguida, no capricho, tijolo por tijolo, verso por verso. Um shopping Center de imagens vistosas. Poema prá ser lido e relido, saboreado aos poucos, feito um café quentinho, com a vontade de tomar outro. Comovente o que escreve , Guria.
ResponderExcluirnossa, esse poema ficou muito bonito.
ResponderExcluirmuito "sentido". cheio, de sentimento e a delicadeza desculpada.
flores, hellen.
Teus poemas são sempre interessantes, tem conteúdo, qualidade. Bjo
ResponderExcluirBrilhante! Melhor texto seu que já li por aqui.
ResponderExcluirE sim, volte sempre. Aguardo suas visitas.
Ah, gostei da sua falta de modéstia ali no comentário.
(Foder...)
ResponderExcluirPerdón pola grosería. É que me pareceu xenial. Estrañamente melancólico e triste, algo desgarrado... e místico. Consegue como un efecto de hipnotismo sobre min. Tal como ficar alí de pé, coma sen comprender, en branco, até darse conta de que non lle preguntou o seu nome...
Ai. Tan máxico como as formas do fume do cigarro á luz do luar, no medio da noite. Coma o brincar miúdo pero bravo da fogueira baixo o manto de San Xoan.
Así de atrapante. Así de onírico. Así de fantástico.
Excelente!! Gostei da intensidade e do tom...esse parece um daqueles textos que sai de uma só vez, das entranhas...muito bom!
ResponderExcluir[]s
brilhante, genial, melancólico e estranhamente familiar! #amei
ResponderExcluirhttp://minhaspequenasverdades.blogspot.com.br/
Perfeito!
ResponderExcluirbjos
Um diálogo instigante e talvez surreal.Poderia imaginar "mil coisas" a respeito dele e eu gosto muito disso.Excelente!
ResponderExcluirBeijo.
delicado, mas forte.
ResponderExcluirgosto de textos assim, que pedem outras leituras e nos trazem releituras. muito bom.
Muito bom o seu texto, expressa força e sensibilidade ao mesmo tempo.
ResponderExcluirbeijos
uow, isso foi incrível!
ResponderExcluirEncontrei um misto de CFA e Chico por entre as borras de café e fumaças de cigarro.
ResponderExcluirUm dos mais fabulosos escritos que já li por aqui.
Forte abraço, Hellen.