sábado, 10 de agosto de 2013

Quando tudo se torna ofensa

Descamando a pele da boca 
com os dentes nervosos
Enquanto seus olhos abrigam açudes 
que desafiam as represas
Ele se aproxima dela e nada diz
A raiva contida faz o ambiente

A sombra do que não é dito
constrói novas paredes
Suas palavras conhecem o torpor

E ela reflete que essa paixão
é mais uma maldição que a vida joga sobre ela

O perdão não existe no silêncio
E esse homem sentado ao seu lado
não quer se desculpar por gostar de outra pessoa

Ele só gostou dela por toda a tristeza escrita
Pela poesia abatida, 
a fragilidade depositada em tudo que pudera ler

Mas juntos, ela alcançava a felicidade
agora ele precisa ir embora para usurpar outras melancolias 

Ela se desprende da raiva e pergunta

Por que?
Em pé a sua frente, por entre ombros ele responde
Gente feliz é feia. 

E se foi.




6 comentários:

  1. Que senhora imagem você materializou na primeira estrofe.

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  2. "Gente feliz é feia". E gente infeliz também. O extremo não é são. Bom é ser mais ou menos.

    http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/

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  3. "A sombra do que não é dito
    constrói novas paredes"
    Às vezes esse clima tenso de silêncio é pior que uma briga... é estranho e muito desconfortável.
    Abraço.

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    1. Aprecio tua presença aqui, moço dos olhos bonitos. (como já te disse)

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  4. Não o condeno. Há uma beleza na tristeza, uma atratividade quase irresistível em versos tristes. Já quis um poeta triste. Hoje eu só quero um poeta que oscile entre a tristeza e a alegria extremas.

    Belos versos, Hellen.
    :*

    Sacudindo Palavras

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  5. Para além de ser um poema lindíssimo, eu me identifiquei com tantas partes, tantos versos marejaram-me os olhos que terminei desistindo de destacar uma. Eu reafirmo, sua capacidade de fazer, do seu diário, poesia é extremamente encantadora e só melhora. Acho que nem feliz você ficaria feia!

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