sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Do antes que não sabia

Descobriu prazer vontade ânsia em escrever sobre a podridão sobre a morte urgente a luxuria selvagem no mais escuro de si mesmo com as luzes acesas com o tempo que só parece perdido com a perdição sem tempo estragando afetos com lembranças assim esquecendo nomes não mais trocando interesses e nem palavras pelo que sentiu e não quis escrever do que desacreditou por não ter encontrado na margem da mocidade a severidade que contaminou a ternura sobre o que não entendeu e alguém não quis mais saber concordando com a poesia que adormecer sentimentos é igual a beber café morno então era novidade invadir prédios desconhecidos fingindo conhecer de cor interfone e corredor passando certeza da gentileza recém ensaiada como se os olhos dissessem estou indo para o terceiro andar segura a porta obrigada adentrando histórias prontas deparando-se com portas fechadas e paredes alimentadas de imposição e motivos pessoas escrotas tapetes cordiais e solidão opcional retocando o batom na escada estreita e voltando pela segunda vez para a primeira porta à direita do terceiro andar como se alguém a esperasse se antes conhecesse alguém ali parada em frente aquela porta fantasiando novos receios saboreando a certeza da duvida não apertou a campainha mal podia não sabia quem habitava por detrás do tapete de boas vindas mais sujo do prédio foi embora da forma mais natural como quem acorda de mais um sonho que não foi bem sonho tudo assim sem vírgula pra não dar tempo de respirar tudo assim trivial banal ocasional de sempre pra sempre cujo desfecho foi o mais escrupuloso inimaginável ultrapassando limites da vergonha e do ódio não deixando papel nem verso para toda e qualquer perspectiva real ou literária vestindo impessoalidade banhando-se na imundície além do drama existe a vontade de trancar qualquer sinalzinho de reciprocidade evitando tormento e recriações de paixão limitada porque a verdade não se adia nem se abafa cinco horas da manhã a conformidade assombra e a vida se obriga a ser mais tragável de todas as pessoas mais desgraçadas aquela foi a mais venerada de modo doentio ou não que se foda tudo gira em torno de alguém hora e sempre alguém te distrai se vai tu chora e esquece ou ri e aplaude a merda da casualidade culpa teu coração mole manda tua própria individualidade para a puta que pariu já que ela se perde perto dessas pessoas desgraçadas e bonitas que te intimidam e te fazem parecer alguém que fala merda freneticamente dai tu senta escreve e agora sim esquece porque o trem e os pássaros anunciam o dia lá fora e eu me sumo daqui.

3 comentários:

  1. eita.... um texto sem vírgulas e só um ponto final....

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  2. Incrível! Ler o seu texto foi uma verdadeira experiência. É preciso descobrir o fôlego que está nas entrelinhas. Respirar, continuar, até chegar ao final. Assim como a vida.

    Bjos, e lembre de tomar fôlego!

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  3. tipo de texto/brainstorm que acho incrível ler. super inspirador.

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