domingo, 12 de janeiro de 2014

Dançando na sarjeta (in 2 pt)

I

Então me afaga com mãos de papel
como se fosse impossível
me escrever sem me tocar

Com toda impessoalidade existente,
aliamos nossos demônios
em busca de qualquer perdição a dois

De uma complexidade 
muito poética 
De uma dramaticidade 
que não me lembra drama algum

Observando que
gostar de você
é como encomendar
minha própria lápide

Trágico,
se eu não admirasse a morte

Sempre quis
que meus meios
adiassem meus fins

Mais do que 
eu poderia supor,
é essa compulsão pela escuridão 

alheia]

II

Meu corpo caindo,
se resumindo a ossos amontoados,
caricaturas mitológicas
e animais de esgoto

Por intermédio
de Hilst,
pergunto-lhe:
Sabes ainda meu nome? 
Fome. De mim na tua vida.

5 comentários:

  1. Deus que desespero, essa agonia do querer. Penso qual o melhor a monotonia de uma vida apática, de uma solidão a dois, tudo previsível, esperado ou as desventuras da paixão?

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  2. Poucos percebem que a vida e a morte são um belo casamento. Parabéns pela bela poesia!

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  3. Hellen, adorei o espaço. Parabéns pelo capricho e atenção aos detalhes. Voltarei com certeza mais vezes.

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  4. "Sempre quis que meus meios adiassem meus fins" Acho que entendo um pouco do que você escreveu tão bem... De certa forma eu fico rodeando os meios, revisitando as coisas pra me aproximar dos fins com mais cautela, os fins são peremptórios. Depois tem que se seguir com eles, com o que tenha se terminado em nós. Abraço, Hellen.

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