sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A permanência só dura o dia

''Mal sabe do que eu sou feito''
proferiu ele. 

Mas ela não lhe contou,
o mundo que inventa ser real
pra não perceber a verdade.
Logo acha que não existe.
Sua loucura gravada 
em vísceras expostas...
Poesia in[contida 
nas entranhas desconhecidas,
dos personagens fatídicos
escritos pela mulher mais
estranha.

Endeusa o globo terrestre
Engloba o que não conhece

Ela não inspira
            só pira

(e não amanhece)


12 comentários:

  1. Ela morreu ou foge pra longe onde possa desfrutar da loucura numa árvore que a entenda e dê sombra.

    Hellen, você escreve com uma delicadeza que arrepia. Gosto de tudo que vem de você, até os versos mais simples.

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  2. hellen, vc nos toca com cada palavra. super curti e principalmente me identifiquei com o poema. :)

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  3. Por algum motivo nas últimas semanas não estava conseguindo entrar aqui. Fiquei a me perguntar sobre essa dependência de encostar em desconhecidos que são portadores de almas que encostam na nossa, você me entende? Eu venho, eu leio, eu saio e parece que eu permaneci aqui de alguma forma. É por isso aí acima. Ela é você (se for), mas podia ser eu.

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    1. Nós somos ela, então.

      Eu te entendo. E me comovo com essa declaração, fico é lisonjeada de poder ter contato com uma poetisa de coração tão cheio como tu.

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  4. Aquilo que se cria também é real.

    A verdade tantas vezes é ficção, e a ficção tantas vezes mais verdadeira.

    Magnífico poema!

    bjos

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  5. estava lendo seus texto e resolvi responde que nao se incomode.

    hellen husayn ibn ali, stardust [هلن حسين إبن علي ستاردست] por ramonlvdiaz

    teu som que persiste e persa, poeira
    da microparticular figura que revém
    as probabilidades de mesopotâmia em
    mediterrâneo extremo até ibirapuitã
    ao sul encontrar seu desvio-padrão,
    que desfaz o concreto mais árduo com
    o elástico imaterial dos teus tempos,
    tensão e momentum na feição das estátuas
    de tudo perfeito em domingo que parte a
    vazio, sem moto, duvidando cada segundo
    o teu não-grito em eco de cidades altas
    que não raiam, luzes que não sei emitir
    em tua remissão de zodíaco e zoroastro
    pálido ponto azul: teu decaímento beta
    que decompõe as auroras fáceis o hangar
    minúsculo agora em sétimo selo, sarjeta
    só o projétil de ultrapassar o tato mas
    nunca o carinho ou reação em cadeia, em
    célular mater, jerusalém em álgebra não
    linear: vizíveis linhas divisorias nuas
    em teu vermelho sayyid, saldanha e quasi-
    quintana agora tua juventude sônica puro
    akhenaton e em tudo mais que te acontece.

    não bastam a franja francesa, vaga novela
    noir só neblinas, não cabem as tatuagem as
    nossas miragens ou sombra de cálculo-soma
    nos adjetivos a tiracolo e a nova iorque
    embutida, a amsterdã contemplada somente,
    imagens-sementes que chegam a ser árvores-
    neon violeta uma droga de pílula e nunca o
    verdadeiro excesso a cancelar os espectros.
    então casualmente falamos da vida e, no martelo,
    forjamos uns tantos limites e suicídios bentos,
    alguns se confortam em churrasco, em masmorras
    enquanto planíces, no mar horizontal de lirismos.

    por dentro de ti outras velocidades,
    pessoas possíveis por fora da janela
    que um dia te alcança e há de raiar
    um símbolo mudo em álgebra longínqua,
    gravitação de números não conhecidos
    e teu caminhar vário, assimétrico ao
    pó, exerce magnetismo imã-equilátero
    em desequilíbrio arimã, teu carinho
    de mão que interrompe certo amanhã
    de destinos fartos, átomos no princípio da incerteza
    e anti-beatriz, abcissa que arrasta dante e durante
    para trás com anjos terríves e tuas equações voláteis
    que disparam em parsecs o existir arcaico e o voltaico.

    hellen, agora em duplo hélice, escreve nossa liberdade
    que não fecha círculos - não aceita corpos constituídos
    na fenda do espaço e do tempo, na desconfiança que fez o
    universo escuro e nos teus lábios, o beijo, a suspeição
    e o esforço de oposição pender em frações.

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  6. li seus textos e resolvi te escrever e a coisa reultou meio esquisita mas garanto que fica mais claro: sempre tive desejo de escrever em árabe, que partiu de mim por causa de Borges até chegar [sem correta cronologia] em Rumi, como quem lê Homero hoje em dia em prosa e não sabe os maneirismos de lingaugem que abrem de fato aquelas
    portas, assim como nos sabemos escrever nossos tempos, nossos sonhos e medos com as sensações de hoje... não há como aproximar uma mulher do ano de 620 DC com uma mulher brasileira do século 21. às vezes nossa ancestralidade, que tão somente supomos os nomes, na verdade, demonstra outra realidade ainda mais distante: acústica e, e nisto uma energia mecânica perpetuada no espaço... confesso que fiquei buscando essa perpetuação em ti, não como musa, inspiração fraca para namorados que ficam testando se algum beijo vem com alma gemeas; não quis o elogio. eu queria o movimento arcaico que resiste no teu nome, toda essa distância pra atravessar, e muitos signos que perderam o senso de eternidade porque são repetidos demais; quis ao menos vislumbrar toda essa distância... distância que iniciou em Husayn ibn Ali (626–680), um dos últimos herdeiros de Maomé e que por ele mesmo eram considerados como "mestres da juventude celeste", traziam o frescor do o que hoje chamamos zeitgeist, o espírito do tempo. Curiosamente Hellen (helena) representa algo similar, variando entre "raiz", "tocha" e seu nome relacionado a estrela Vênus, segundo planeta mais próximo ao Sol, de signância feminina... os dois troncos
    liguisticos (árabe e grego) no seu nome constituiu naquele tempo de conquistas territoriais e algutinações étnicas, uma impossibilidade social por mais de um milenio devido a constantes atritos por toda região do mediterraneo... De 490 AC com Dario invadindo a Grécia até 1193 de Salah ad-Din (Saladino) que invadiu jerusalem nas cruzadas e que Ricardo Coração de Leão reconquistou na terceira cruzada - naquele tempo, Saladino era admirado até por seus inimigos, pela sua capacidade de evitar massacres desnecessários e pela sabedoria militar vindo bater em espíritos tão combativos e ao mesmo tempo pacíficos, esses extremos de Alegrete, por tantos
    caminhos que são contagem de estrelas sem mitologias bestas; o poema abaixo nasceu desta percepção. Como algo que de tão distante, que parece irreal, pode ser, talvez, a mesma coisa.

    obs: as pesquisas grámaticas de árabe partiram da Gramática Moderna, encontrada online e em diversos e-books, o árabe classico parte do Quorão que não se tem acesso sem apropriada ortodoxia que nem sequer esboço. ao invés de esmiuçar os detalhes gramaticais e da perfeita regra sintática, me ative nas palavas centrais de seu nome e o que ele representou de modo decisivo para aquelas épocas... a bússola foi Rumi. tem gente que busca sabedoria eu prefiro a complicada geometria.

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    1. Deus... Não sei o que sinto, após ter lido isso.
      Tudo milimetricamente poético e impressionante.
      Esse poema escrito pra mim... Ninguém nunca me escrevera nada antes.
      A sincronia das palavras, a sinceridade, o salto no escuro. As observações arrepiantes, a sonoridade dos versos, o meu estado de leveza após ler alguém desconhecido escrevendo para mim, sobre mim.
      A magia e o encantamento da História e da Geografia, tu citando Reis, Dinastias Egípcias, o fascínio árabe. Tempo, destino, distância.
      Realmente, estou em choque.
      Deixe-me ler isso mais vezes e apreciar mais mil vezes.

      E volte sempre!

      PS:
      ''confesso que fiquei buscando essa perpetuação em ti, não como musa, inspiração fraca para namorados que ficam testando se algum beijo vem com alma gemeas; não quis o elogio. eu queria o movimento arcaico que resiste no teu nome, toda essa distância pra atravessar, e muitos signos que perderam o senso de eternidade porque são repetidos demais; quis ao menos vislumbrar toda essa distância''

      Demasiadamente lindo, qualquer coisa que eu lhe disser será pouco, tão pouco.

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    2. que bom que gostou porque foi uma reverberação nos teus textos e podemos conversar se quiser e quando puder, será sempre um prazer

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  7. Sobre a verdade, uma vez foi dita pelo personagem Setembrino, poeta e trovador da maravilhosa novela Cordel Encantado: "A vida é só uma invenção e a verdade não passa de uma combinação entre as pessoas".

    Bjos!

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