sábado, 14 de junho de 2014

Para ler ao som de Morning Theft, do Buckley

As músicas que eu lhe mostrei, 
desgostou de todas. 
Os livros que lhe indiquei,
iria ler depois, 
quem sabe algum dia.
Os filmes que 
minuciosamente escolhi 
de acordo com seu gosto, 
nem os títulos lhe apeteciam. 
Ele era majestosamente singular
em tudo] 
Nunca vi gostar de tão poucas coisas 
e não gostar de mim. 
Acho que do pouco, 
fui quase nada. 
Sobre o nada, 
ele não tinha profundidades. 
Manoel de Barros que o desculpe... 
Pois dele ainda gosto, 
como quem inventa 
um belo desprezo.

9 comentários:

  1. Como um poeta que inventa sua dor, temos nós que inventar amores impossíveis para amargar um pouquinho a próxima existência. Gosto daqui, Hellen, gosto por demais daquilo que sai de ti tão delicadamente.

    ResponderExcluir
  2. Como é bom amar uma pessoa tanto a ponto de querer, desesperadamente, compartilhar com ela tudo aquilo que ama.

    Abraço

    ResponderExcluir
  3. "Pois dele ainda gosto, como quem inventa um belo desprezo". Poxa... Essa calou fundo, me emocionou, Hellen. Levei como que uma cacetada poética, rs... vamos dizer assim, fiquei atordoado com tanta beleza. Forte, muito forte!

    ResponderExcluir
  4. Non che sei dicir por que, pero o poema fíxome gracia. Pareceume cargado de unha estraña diversión, aínda que no fondo eu sentise amargura. Gustoume.

    ResponderExcluir
  5. Quanta delicadeza! Gostei muito do seu blog, moça! Parabéns pelos poemas.

    ResponderExcluir
  6. É estranho que para ser dois fazemos tanta questão que outro esteja dentro de nós, em nossos gostos. Eu mesmo já fiz o meu amor ver uma sextologia que não era seu tipo de filme, mas já vi os dela também, e acho que no fim o amor é um pouco aprender a enxergar a vida pelos olhos do outro.

    Comentário que combinando com sua música pode ser lido com: in my sleep - austin hartley-leonard

    ResponderExcluir
  7. A gente já inventa tanta coisa, né? Por que não inventar pelo que sofrer também?!
    Lindo, delicado. Gostei muito.

    ResponderExcluir
  8. Pura delicadeza esses versos. Cheios de afeto assim como de verdades.

    ResponderExcluir