quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Poema para um desgraçado

Você me despiu
da minha delicadeza protegida 
para vestir-me com todo o cinismo existente

E todos os nossos disfarces
eu queimei com os restos da última carta
Eu paguei pra ficar no melhor camarote
para assistir o show que você nunca deu

Você me deve muito, rapaz
Depois de você, passei a invadir igrejas
Só para chorar em paz

Me incentivei a ficar nesse barco furado
Por gostar das causas perdidas
Mas as causas perdidas
é que se perdem de mim

Te escrevi dezenas
e mais dezenas dos mais profanos poemas,
pisoteei em sonetos, envergonhei a sanidade
e no fim
            [que não ousei escrever
Te aplaudi sem cobrar nada

Esse amor não vale vintém que seja,
esse amor não valeu este poema

Por todas as vielas que eu percorrer
daqui em diante, cuspirei teu nome nas valetas
à céu aberto
Porque estou abrindo meu coração pra dizer que,
você não valeu o meu nada.

3 comentários:

  1. Há o preço de ficar e há o preço de partir. Qual é o fiel da balança.

    Ps. Me lembrou "tudo bem, até pode ser, que os dragões sejam moinhos de vento..."

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  2. Boa tarde,
    Como vai?
    Gostei do poema.
    Eu me sinto assim as vezes sabe? Me iludiram e o preço que pago é estar aqui,chorando e escrevendo sobre o passado,sobre a ilusão....

    Belo texto!
    Beijos e se cuida

    www.rimasdopreto.com

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  3. Eitahh que esse aí foi doído!! Quem nunca entregou tudo ou quase tudo que tinha a alguém e nada recebeu, não é? :/

    Adorei!!!

    Abraços!
    http://flores-na-cabeca.blogspot.com.br/

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