segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dos desejos apodrecidos

Banhar-me com gasolina
e riscar o fósforo
Deitar nos trilhos
e esperar o trem
Atirar-me em frente 
de qualquer automóvel
Pular no rio
mais fundo e poluído
Catar todos os frascos
e comprimidos da casa
e os ingerir sem medo
Voar 
da sacada mais alta da cidade
Estourar a minha cabeça
com um tiro
Me enforcar 
com o meu lenço mais bonito
Cheirar vinte carreiras 
de cocaína ou quantas eu conseguir
Nada é mais mortífero 
do que me matar 
dentro da minha própria poesia
Mas continuo aqui 
só para me surpreender com o meu final
Nisso, vou morrendo todos os dias.

5 comentários:

  1. Ás veces eu tamén querería queimarme nos meus versos despois de pensar en morrer de tantas outras diferentes maneiras, pero non teño o teu talento. Ti consegues que ler este poema sexa morrer e vivir ó mesmo tempo. Como morre o propio poema con tan fermoso derradeiro suspiro.

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  2. Ou se apaixonar, querida! Que é uma morte lenta tbm...
    Que perfeito!! Incrivelmente perfeito!

    Beijoo'o
    flores-na-cabeca.blogspot.com

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  3. (Feliz dia do poeta, menina. Que força tem a tua poesia!)

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  4. Escrevo para ti...Sabes que é para ti...
    Os nomes não têm cor
    São simples diagramas em conflito
    Os nomes são muda sinfonia de sonata em desamor

    Serei um barco vencendo rotas novas
    Aplanarei as rugas de todas as montanhas
    Vai arder novamente este sofrido coração
    Hoje tive vontade de pintar uma oração


    Terno beijo

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  5. Incrível, como sempre. Me lembrou um texto meu em que digo "Faça o poesia, me morro todos os dias e ressuscito apenas nela". Que a poesia seja a tua morte, mas também a tua ressurreição.

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