quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Fazendo da tua vida o que teu coração te dá

   Eu posso usar Vanguart pra dizer que, quando chove na cidade, eu lembro de você... Eu lembro de você quando praguejo a distância. Lembro que o tempo era guiado pelos suspiros que me causavas. Lembro de você quando me vejo feito cachorro por alguém que  não tem um dedinho do seu encanto. Se tudo muda, eu deveria mudar também. Mudar a estação, mudar de atração... Quando me acho em belos olhos, eu lembro que você me deixou do lado de cá. E seguir em frente por enquanto não dá. Não dá porque não quero. E se demorou pra ser e agora continua não sendo, eu lembro que eu quis tanto. 
   Se dependesse só de mim, seria como naquela carta que lhe enviei no último janeiro triste, - porque todos são - iria descobri-lo por inteiro para nunca mais ter que escrever sobre outra pessoa. Você me entusiasmou por todos os vinte meses que ainda se estendem, creio que se lhe descobrisse eu estaria na maior das sarjetas existenciais. Há beleza nisso. No próprio pensamento da decadência que talvez fosse promissora. Mas até para cair bonita eu preciso dos seus empurrões delicados. 
   Lembrar você, faz lembrar a falta que me faz um bom abismo. Pois como divina masoquista que sou, venero o que me envenena. O sadismo também é devoto do meu coração. Eu posso lhe esperar na rodoviária ou no meu colchão, se quiser ser a vida da minha vida. Mas fora da minha cabeça, você nem se cansa mais para dizer, não.


Título: Vanguart

3 comentários:

  1. É incrivel como algo que dói se transforma em tanta beleza.
    Não tinha como te ler sem ouvir Vangart.
    Perfeito em tudo!

    Beijoo'o
    flores-na-cabeca.blogspot.com

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  2. É improvável que o tempo esqueça, é possível encontrar a vontade de ser mais do que já foi.

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  3. Muito lindo....mas ver uma dor doída assim... é duro!
    Por que o arame farpado no teu blog?
    Para ninguém chegar perto de ti?

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