Me espera! Por favor, me espera...
Deixa eu bater na sua porta até você sentir medo de mim, mais uma vez.
Eu quero lhe cravar a faca no peito pra lhe mostrar a dimensão dessa minha doença.
Depois degustar seus músculos e marinar seu coração com temperos cheirosos.
Me aceita com toda esta lama que despenca das botas que não combinam comigo.
Me aceita, que eu lambo o tapete preferido da sua mãe, que acabei de sujar com meu apelo de amor miserável.
Fica comigo, eu largo o álcool e faço dos líquidos que te escapam da pele, os meus preferidos.
Chame de amor, essa doença que até mais cedo ninguém ousou dar o diagnóstico por medo de ser contagiosa.
Cuspa na minha cara, jogue-me no chão com toda a poesia que você só julgou bonita.
O bonito lhe ofende, então eu passei a escrever o pior que fez-me sentir em prol da indiferença que lhe protege.
Me proteja, das pessoas imbecis que não acreditaram em nós.
Me envolva nessa sua bolha de homem mau, que corrompe tudo em sua volta.
Volta a desejar-me, com toda a minha loucura que atravessa fronteiras e vai além das guerrilhas mexicanas.
Meu drama mexicano é todo seu, você sabe. Quero sentir uma felicidade inesgotável que faça doer o peito, como o meu peito dói agora por não sentir felicidade alguma.
Ah, João... Você é tão bonito, que me dá vontade de arrancar a sua cabeça e lhe montar um altar para não sair da minha vista.
Comer os seus pedaços, em busca de qualquer salvação. Mentira, não quero ser salva.
Me roube a ideia do suicídio diário e me mate você mesmo. Definhando-me, negando migalhas da sua presença. Não ria, João... Você é o meu mais leve absurdo. Eu posso tirar a roupa para lhe impressionar, eu posso comprar uma arma também.
Me espera, antes que eu decida que azul marinho é a cor mais bonita para o seu caixão.
Vou pegar o ônibus na próxima hora, meu bem... Não fuja, mais não.
Pois para casar o seu demônio com o meu, eu irei até o inferno.