quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Amor à la Dahmer

Me espera! Por favor, me espera...
Deixa eu bater na sua porta até você sentir medo de mim, mais uma vez. 
Eu quero lhe cravar a faca no peito pra lhe mostrar a dimensão dessa minha doença.
Depois degustar seus músculos e marinar seu coração com temperos cheirosos.
Me aceita com toda esta lama que despenca das botas que não combinam comigo.
Me aceita, que eu lambo o tapete preferido da sua mãe, que acabei de sujar com meu apelo de amor miserável. 
Fica comigo, eu largo o álcool e faço dos líquidos que te escapam da pele, os meus preferidos.
Chame de amor, essa doença que até mais cedo ninguém ousou dar o diagnóstico por medo de ser contagiosa. 
Cuspa na minha cara, jogue-me no chão com toda a poesia que você só julgou bonita.
O bonito lhe ofende, então eu passei a escrever o pior que fez-me sentir em prol da indiferença que lhe protege. 
Me proteja, das pessoas imbecis que não acreditaram em nós. 
Me envolva nessa sua bolha de homem mau, que corrompe tudo em sua volta.
Volta a desejar-me, com toda a minha loucura que atravessa fronteiras e vai além das guerrilhas mexicanas.
Meu drama mexicano é todo seu, você sabe. Quero sentir uma felicidade inesgotável que faça doer o peito, como o meu peito dói agora por não sentir felicidade alguma.
Ah, João... Você é tão bonito, que me dá vontade de arrancar a sua cabeça e lhe montar um altar para não sair da minha vista.
Comer os seus pedaços, em busca de qualquer salvação. Mentira, não quero ser salva.
Me roube a ideia do suicídio diário e me mate você mesmo. Definhando-me, negando migalhas da sua presença. Não ria, João... Você é o meu mais leve absurdo. Eu posso tirar a roupa para lhe impressionar, eu posso comprar uma arma também.
Me espera, antes que eu decida que azul marinho é a cor mais bonita para o seu caixão. 
Vou pegar o ônibus na próxima hora, meu bem... Não fuja, mais não. 
Pois para casar o seu demônio com o meu, eu irei até o inferno. 

10 comentários:

  1. Caralho, do jeito que gosto, é desse tipo de amor que eu me refiro, é desse tipo de doença que eu definho.

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  2. Um dos melhores seus, esse João é um sortudo, mas eles temem, temem nossa enfermidade...

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  3. Amei esse poema, tu me faz sentir a delícia da palavra fluindo em tuas veias. Compartilhei teu blog e teu poema no tumblr.
    Saudações.

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  4. Bravo! Bravíssimo! Estupendo! De tirar o folego! Poetisa! Poetisa! Poetisa!

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  5. O amor não vê fronteiras nem periferias, é um completo arder sem medidas e remorsos.

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  6. Que loucura Hellen!!! Uma loucura tão bem construída e metaforizada que me causou arrepios. Um texto tão intenso, o desejo de possuir o outro pela eternidade... Fascínio.

    Beijos

    P.S.: Te indiquei para uma Tag no meu blog, não sei se você tem o hábito de responder, mas, de qualquer forma, fica como uma expressão da antiga admiração que nutro pelos seus textos.

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    1. Acabei de ver, fico envaidecida pela lembrança e pelo carinho. É recíproco, obrigada sempre por seus comentários e seu entendimento por tudo que escrevo.

      Beijos.

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  7. Boa tarde Hellen... tu realmente escreve de cara limpa o que ferve dentro de vc.. é assim que temos de ser.. jogar para fora de nós.. sejamos agressivos quando temos que ser..
    as palavras tem força.. nos libertam ou aprisionam.. lindo dia bjs

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  8. ¡¡¡DEUS!!! ¡Quixera salientar TANTOS versos, e non podo, porque non remataría nunca! É todo demasiado sublime. Atormentada paixón. Paixón que non só raia na loucura, senón que a atravesa e a desgarra coma un coitelo, coma un lóstrego, un temporal. A loucura do amor que vai máis alá da vida: o amor que atopa a súa realización na morte, porque só a morte é a máxima e máis radical expresión da vida, e polo tanto, do amor. Paixón cega, desatada, violenta, sanguenta, ardorosa como o batir do corazón nas veas cando se ama... ¡¡¡aaah, non sei que máis podo dicir para expresar o xenial que é!!! ¡é... é...! Es ti. Ti es demasiado, Helen.

    Un sinte envexa. Por moitas cousas. Es increíble. Segue así. Fai pouco vin nalgún comentario deste blog que te chamaban poetisa. Mesmo poetisa parece ás veces quedarse curto. Es unha musa. Nin musa. Es unha deusa. Es Atenea. O teu escudo é o papel e a túa lanza son as palabras. A lingua e a pluma son máis afiadas para o teu propósito que todas as espadas broncíneas dos antigos gregos. Xa nada máis direi. Volverei ó cabo dun rato a seguir lendo neste teu diario de xenialidades. Cando me acougue o espírito e poidas descender do altar da miña adoración (mesmo sen querer copieite aquí).

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