domingo, 14 de agosto de 2016

Sutil afago em meus sentidos

Eu perdi as estribeiras, querido
Posso lhe chamar de querido?
Mesmo que soe tão falso 
como sua bondade

Eu pensei em jogar bilhetes 

no seu quintal 
Eu quis pichar a calçada do seu trabalho 
Senti vontade de colar panfletos 
do que te escrevi 
nos postes todos da rua dos Andradas

Mas pessoas como você

não merecem nem a água que bebem
É como se apenas sobrevivessem 
de egocentrismo

Após entender isso, 

escutei músicas horríveis 
só para conseguir chorar de verdade

Eu conheci homens adoráveis, e vis também

Por muito tempo eu me esquivei 
de toques 
de olhares
minuciosos

Depois descobri a delícia

de abraçar quem quer me abraçar
de despir quem quer se desproteger
somente para mim

Mas ainda penso em você

quando lembro de sentimentos arredios
e toques aveludados

Você conseguia elaborar uma réplica de paixão 

embasada num olhar abrasivo
Você me tocou e eu me senti viva.

02/08

Título: Manuel Bandeira

6 comentários:

  1. Você é tão admirável!

    "Eu pensei em jogar bilhetes
    no seu quintal
    Eu quis pichar a calçada do seu trabalho
    Senti vontade de colar panfletos
    do que te escrevi
    nos postes todos da rua dos Andradas"

    Esse seu ir e vir poético que é tão suave quanto desesperado, mescla minha vida com utopia quando penso que sinto tudo sozinho.

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  2. "Depois descobri a delícia
    de abraçar quem quer me abraçar
    de despir quem quer se desproteger
    somente para mim"

    Isso aí eu tirei pra mim porque depois que passei a viver isso, minha vida mudou completamente.

    Moça,

    Não sei fazer versos, por isso quando encontro coisas boas assim, como os teus, não consigo me conter. Me espalho. E trago comigo.

    Obrigada pela leitura que permitiu.

    Um beijo,

    Jaya.

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  3. Pessoas merecem água, desde as próprias lágrimas a versos como os teus, que bebemos como se tivessemos sede de tudo e temos. E quando te leio, te sinto frágil, mas ao mesmo agradecida, como se toda a tua poesia dedicada a um ser único, te fizesse única, nesses tempos em que nossas almas querem um silencio que só sopre um chamado de paz, num tempo em que ninguém pode, nem deve ser algoz de ninguém ...
    eu te amo, quando tua poesia é uma analise perfeita da condição do pensamento e porque ela me lembra disso.
    Boa semana e um beijos sob as unhas das tuas mãos.

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    1. Eu preciso tanto, mas tanto de paz.

      Nunca sei o que te dizer, obrigada por ler tudo isso.
      Sinto que se eu não escrevesse, enlouqueceria.

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