quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Sobre o G

    Eu não queria escrever sobre ele por causa do estereótipo de escrever sobre alguém e criar irrealidades acerca do que me é permitido ver. Mas como creio já ter finalizado nossos remotos encontros sórdidos, agora me sinto livre para discorrer sobre as feições joviais e pele alva e cheiro de vontade à flor da pele desse menino que me emaranhou em edredom e excitação. 
   Seu gosto na minha boca, suas mãos na minha cintura, ele em mim... Isso poderia se tornar um conto erótico se eu fosse menos contida. Seus vinte anos reacenderam minha fome de perdição de selvageria de lascívia. Ele é conhecido por suas tesouras e navalhas, ele é artista também. Eu corro com tesouras imaginárias e sou cortada de tudo que possa se tornar bonito ou edificante, me acostumei com isso. Sempre nos acostumamos ao que não devíamos. 
   Eu não deveria ter achado aquela cicatriz no abdômen dele, a coisa mais pura que vi nos últimos tempos. Não sei da sua história, mas me comoveu só de olhar. Sem a audácia, sem o corpo em chamas, ele só um menino. Ele é um homem que não deveria envelhecer nunca. Talvez não nos toquemos mais, porque hoje eu escrevi isso, mas foi natural. Como uma boa atração epidérmica.

06/09/2016

5 comentários:

  1. Fantástica! Sempre ótima! Um escândalo de tão perfeita, de tão precisa, imaginativa, tu és. Um obra prima atrás da outra. Beijos, Guria.

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  2. Eu absolutamente amo os blogs que tem essa pegada mais de diário, onde a gente pode conhecer um pedacinho mais de seus autores a cada texto, por isso... impossível não curtir o que você faz por aqui <3

    espero que você reencontre o menino ou, ao menos, que encontre muitos parecidos com ele na sua vida

    beijo
    beinghellz.com

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  3. incrível como sempre me vejo envolvida nas tuas escritas. que profundidade!!

    abraços, abraços.

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  4. Um desenho do desejo que só a tua linguagem sabe dizer, porque é a tua mente que ama enquanto sente. E me parece incrível o silencio entre o sentir e os teus versos.

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