por tanto tempo
esperei um gesto
algo que adiasse
a degradação
se a minha existência
lhe tocasse
se a minha presença
no outro lado da rua
lhe tirasse o sono à noite
se tudo fosse diferente
essa história não seria minha
acho que já escrevi
um poema assim
mas nunca doeu assim
a dor se aperfeiçoa
não é mesmo?
e eu estou sempre
me repetindo
mas bastaria um gesto seu
para cessar a corrosão.
Título: Rubem Alves
Essa repetição, essa história que, se fosse diferente, não seria sua - ou minha -, lembra uns textos e desenhos que eu fazia sobre fantasmas. Eles deixam a gente entrar, se tornam nosso lar, e, quando vão embora, a gente fica preso, assombrando e sendo assombrado, repetindo tudo, esperando alguma coisa que quebre a rotina. Até que a gente não sabe quem é fantasma na história.
ResponderExcluirSobre o comentário no post anterior: procure Mushishi, sim. Certeza que vai gostar.
A dor sempre nos faz mais fortes, mesmo que não pareça.
ResponderExcluirE a tua dor é sempre bela e, sabes, minha.
Amo vir te ler, Helenzita.
Nós poetas embebidos de doses de esperança
ResponderExcluirEita, fico muito enternecida de tê-los por aqui! ♥
ResponderExcluir