quinta-feira, 14 de abril de 2016

Hahahah

                                                   Mas quis a sina que seu peito 
                                                                    Não batesse por mim nem um minuto, 
                                                                   E que ele fosse leviano e belo 
                                                                  Como a leve fumaça de um charuto!
                                                                                                                  Álvares de Azevedo

            


Eu sou capaz de cometer qualquer baixeza
Mas me agride muito, o conflito 
entre apodrecer por pouco
e enlouquecer por nada

As pessoas falam coisas maldosas sobre você
Não sei se as agradeço ou se
as mando para o inferno
No mesmo inferno 
que você não encontrou Dionísio

Essa semana lhe vi
e foi tão perturbador e necessário
Suas expressões 
-mesmo que longínquas-
desesperaram o meu dia

Eu atravessei aquela rua
com receio 
de derrubar meu copo descartável de café
E construir novas esperanças

Eu atravessei aquela rua
com receio de que você me olhasse de volta
E não enxergasse nada

Eu não estou sabendo atravessar
essa fase
Eu não sei nem atravessar a rua 
numa faixa de pedestre
E acho que você sabe disso

Estou presa
na garganta do Diabo
Ele vai me cuspir a qualquer momento
Mas quero que ele me engula
Com a dose mais forte
Que me empurre lá para baixo
Pois, preciso encontrar Dionísio 

Porque no mais profundo dessa insanidade
ele não se encontra em mim.

9 comentários:

  1. Adoro as nuances macabras impregnadas nos teus poemas!

    E essa foto?! Que linda! Já sou apaixonado pelo que tu escreves, agora sou pela tua imagem, mulher tempestuosa.

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  2. Fui até a garganta do diabo, nas cataratas na Argentina. De lá nada se vê, ninguém sabe o tamanho da queda, ninguém sabe o que realmente está lá embaixo, só sente aquela força imensa da natureza que ninguém pode impedir.

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  3. Cabelos negros e pele alvejada... Sobre sua boca rubra, nao me atrevo a dizer nada. Qualquer um gostaria de ser Dionísio, só para ser encontrado por você. Mas talvez ele despreze seu encanto por estar tão acostumado com pessoas clichês.

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  4. Necessário esse impacto abismal em mim. Por mais que doa, desejo a queda. Dionísio é seu tormento, mas recebe em meu peito outro nome igualmente devastador.

    Obrigada sempre, Helen.

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  5. Lindos versos, trazem em si algo peculiar e inspirador. Sua escrita tem um ritmo tranquilo e ao mesmo tempo descompassado em torno da situação em que vivencia.

    Parabéns pelos versos menina. Uma boa noite pra você!

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  6. Ele te desconcerta toda, como você faz conosco, quando escreve esses poemas.
    A tua poesia vem do fundo da alma, ela machuca e arde, queima como se buscasse alívio, salvação nas chamas. Sempre ótima.

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  7. Ele te desconcerta toda, como você faz conosco, quando escreve esses poemas.
    A tua poesia vem do fundo da alma, ela machuca e arde, queima como se buscasse alívio, salvação nas chamas. Sempre ótima.

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  8. Esse vácuo vago só vence o vício, devasso vasto autoestargo antihospício.
    GK

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