me pergunto se você pensa
Eu penso muito
Sua mão na minha perna
no caminho da sua casa
Você cantando alto no carro
E sorrindo como quem sabia
que podia dilacerar minha pretensão
Os meses correram
e eu te vi parado na faixa de pedestre
com outra mulher no carro
Talvez com a mão acariciando as pernas dela
E é tudo tão fugaz
Como se nós não tivéssemos acontecido
E você não tivesse repetido dezenas de vezes que
Gosta do meu gosto
Gosta do meu cheiro
Gosta do meu jeito
Pois sempre haverá
outros gostos e cheiros e jeitos
No outubro passado
você me enviava mensagens
todas as noites dizendo me querer
Ansiando minha presença
Como se somente eu fosse capaz de preenchê-lo
No último março você sentia a minha falta
Falta dos filmes franceses que lhe apresentei
Falta de tudo
Mas dissipamo-nos entre palavras
Você só me queria
até onde pudesse vulgarizar
todos os atos e sensações
Você soube dos outros homens que me feriram
Que me congelaram no tempo
Você me convidou para conhecer o fogo
Quando me aqueceu
Você assoprou o fósforo.
Nos construímos das cinzas, mas jamais seremos capazes de deixar de queimar.
ResponderExcluirVocê tem muita sutileza pra capturar momentos. Mesmo quando eles aparecem melancólicos ou saudosos existe uma leveza no modo como você os descreve. Gostei do seu blog. Vou ler com calma e voltarei mais vezes.
ResponderExcluirO fogo que aquece, é o mesmo que queima. Nunca sabemos exatamente como ele irá se comportar. Não temos o controle sempre neh?
ResponderExcluirBoa semana
Wellington Maia
Fogo que arde e se vê. Amo sua poesia.
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