Se você estiver lendo isso
Quero que saiba que lembrar de você
É tão bom quanto salpicar coco ralado numa cobertura de chocolate
do bolo que fiz há pouco
Lembrar de você me remete aos tempos de ingenuidade
Tempo que eu era capaz de entregar uma carta dentro de um bar
Carta que guardei por meses dobrada várias vezes ao meio
A dor, ela não se resume ao vê-lo beijando várias pessoas
enquanto tenta ser grande
Nem em olhar as suas fotografias no instagram
e imaginar que nossos filhos teriam olhos lindos se puxassem a você
Ao menos, se eu quisesse ter filhos
Esse sentimento difundido erroneamente
que faz eu lembrar você quando alguém me magoa por querer
Pois você só me magoou porque permiti
E voltar atrás é irremediável
Pois não sou mais a garota entrando pela primeira vez naquele bar
E você não é Dionísio e seu nome é impublicável
Você era o homem mais bonito da cidade para mim
Mais bonito do que o pôr do sol que seus olhos capturam
junto da câmera do seu celular a cada fim de tarde
Mais bonito do que sua luta por justiça em voz daquele estrangeiro
Você era bonito para quem o visse através dos meus olhos
Para quem o lesse na minha poesia
Hoje você é só apenas um rosto saturado
em meio aos transeuntes
Conhece músicas boas
Leu bons livros
Está engajado na política
Torce por um time de futebol
Você é só um babaca bem informado
Com lindos olhos verdes - sempre bom lembrar disso
Gosto de lembrar de você pois ajudou-me
a aprimorar minha capacidade de construir bons versos
Veja só, construí um castelo para um príncipe pequeno.
Título: A Grandiosa, Adélia Prado.
sábado, 25 de novembro de 2017
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Você me despetalou, mas esse amarelo não sai de mim
Eu não consigo mais escrever
Mas daí vou ao supermercado
e sinto falta de ter alguém para me ajudar
a escolher boas cebolas
Penso em você
Mas você não sabe escolher nada
Eu sei disso, porque você não me escolheu
Naquela tarde ao atravessar a rua
tão bruscamente
E me deparar com você, que não sabia
como me olhar
Eu te olhei por dentro e concluí
Você cresceu demais em mim
Igual àquelas florzinhas amarelas
que se expandem em meio ao capim
Você forrou
a minha cabeça
o meu estômago
o meu coração
Com florzinhas amarelas
Você quis ser mais que o Sol
Sua ânsia de reluzir tudo
Fez-me esquecer que posso brilhar também
Mas você precisa cintilar sozinho.
Mas daí vou ao supermercado
e sinto falta de ter alguém para me ajudar
a escolher boas cebolas
Penso em você
Mas você não sabe escolher nada
Eu sei disso, porque você não me escolheu
Naquela tarde ao atravessar a rua
tão bruscamente
E me deparar com você, que não sabia
como me olhar
Eu te olhei por dentro e concluí
Você cresceu demais em mim
Igual àquelas florzinhas amarelas
que se expandem em meio ao capim
Você forrou
a minha cabeça
o meu estômago
o meu coração
Com florzinhas amarelas
Você quis ser mais que o Sol
Sua ânsia de reluzir tudo
Fez-me esquecer que posso brilhar também
Mas você precisa cintilar sozinho.
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Numa barbárie eles se esbarraram no bar
Conto baseado em um antigo poema autoral
Verdes, os olhos de pupilas dilatadas a encarando do balcão no canto do bar. E os olhos dela, tristes. Mas ele naquela mísera luz não teve olhos para ver. O deslumbramento e o álcool anuviam tudo, não é mesmo? Torcia ela para que ele fosse mais do que um adorno do ambiente. Almejava ele que ela fosse o troféu da noite. Entre olhares minuciosos e gestos impalpáveis, saíram os dois pisando em cacos de vidros na calçada, como quem pisa em estrelas. No caminho até o ponto de táxi, ela sentia os olhares dos bêbados e das putas da cidade sobre os dois juntos, inacreditando na exatidão daquela imagem. Ela possuinte de cabelos negros, tão pálida e desarticulada, com um dos homens mais bonitos da cidade. O mais bonito para ela. E considerava isso há anos.
Quebrando o silêncio após escutar a torneira jorrando água, ele disse que gosta tanto de ver a chaleira chiar. Como se com ele conversasse, contando-lhe urgências... Ele desencaminha o assunto para objetos externos, ganhando o tempo dela, que prepara o seu café, tentando lhe devolver o foco. Precisava destilar o álcool que bebera em algo forte, porém sereno. Ele a olha como quem quer tudo, mas ela só quer umas poucas palavras. Já passa das três da madrugada e ele agora troca o hálito do ar com o seu cigarro caro. Pergunta se ela tem por hábito recolher estranhos em bares lotados e preparar-lhes um café no cinza das horas. Ela disse que já o conhecia, de alguma avenida, daquela loja de tintas, quem sabe, talvez de outra louca vida.
Ele proferiu que louca é ela, e riram. Riram como quem pisa mesmo em cacos de vidros. Falou que o café estava amargo e pediu papel e caneta, colocou um bilhete em suas mãos e saiu sem dizer nada. Ela num espasmo leu "o demônio que habita em ti, já morou em mim'', uma cena quase que baudelairiana. A partir daquele momento, ela poderia persegui-lo em todos os bares mais ínfimos, para vê-lo, corrompendo outras moças estonteadas, mas apreciadora de um bom drama. Escreveu o nome dele na sola do seu sapato favorito e voltou para o bar. Essa noite ela vai dançar até ele se apagar dela.
Verdes, os olhos de pupilas dilatadas a encarando do balcão no canto do bar. E os olhos dela, tristes. Mas ele naquela mísera luz não teve olhos para ver. O deslumbramento e o álcool anuviam tudo, não é mesmo? Torcia ela para que ele fosse mais do que um adorno do ambiente. Almejava ele que ela fosse o troféu da noite. Entre olhares minuciosos e gestos impalpáveis, saíram os dois pisando em cacos de vidros na calçada, como quem pisa em estrelas. No caminho até o ponto de táxi, ela sentia os olhares dos bêbados e das putas da cidade sobre os dois juntos, inacreditando na exatidão daquela imagem. Ela possuinte de cabelos negros, tão pálida e desarticulada, com um dos homens mais bonitos da cidade. O mais bonito para ela. E considerava isso há anos.
Quebrando o silêncio após escutar a torneira jorrando água, ele disse que gosta tanto de ver a chaleira chiar. Como se com ele conversasse, contando-lhe urgências... Ele desencaminha o assunto para objetos externos, ganhando o tempo dela, que prepara o seu café, tentando lhe devolver o foco. Precisava destilar o álcool que bebera em algo forte, porém sereno. Ele a olha como quem quer tudo, mas ela só quer umas poucas palavras. Já passa das três da madrugada e ele agora troca o hálito do ar com o seu cigarro caro. Pergunta se ela tem por hábito recolher estranhos em bares lotados e preparar-lhes um café no cinza das horas. Ela disse que já o conhecia, de alguma avenida, daquela loja de tintas, quem sabe, talvez de outra louca vida.
Ele proferiu que louca é ela, e riram. Riram como quem pisa mesmo em cacos de vidros. Falou que o café estava amargo e pediu papel e caneta, colocou um bilhete em suas mãos e saiu sem dizer nada. Ela num espasmo leu "o demônio que habita em ti, já morou em mim'', uma cena quase que baudelairiana. A partir daquele momento, ela poderia persegui-lo em todos os bares mais ínfimos, para vê-lo, corrompendo outras moças estonteadas, mas apreciadora de um bom drama. Escreveu o nome dele na sola do seu sapato favorito e voltou para o bar. Essa noite ela vai dançar até ele se apagar dela.
sexta-feira, 8 de setembro de 2017
Se você gostasse de mim, eu saberia
Eu o vejo dormindo ao meu lado
e não consigo tirar as mãos de você
O cabelo macio
O shampoo cheiroso
O montão de pintinhas nas suas costas
Nossos dedos entrelaçados enquanto assistimos tv
A sua risada
Tudo
Tudo que vem de você
me pede um pouco mais de atenção
Até as batidas do seu coração acelerado após o sexo
eu pude sentir com mais exatidão ontem
Como se tudo virasse poesia na minha cabeça
Nossas bobagens
Você me apertando
Eu lhe fazendo cócegas
A minha birra temporária
Você dizendo gostar de mim
e eu querendo saber como
Você diz que gosta do seu jeito
Eu não entendo
Mas volto sempre para a sua cama
E me despeço de mim.
e não consigo tirar as mãos de você
O cabelo macio
O shampoo cheiroso
O montão de pintinhas nas suas costas
Nossos dedos entrelaçados enquanto assistimos tv
A sua risada
Tudo
Tudo que vem de você
me pede um pouco mais de atenção
Até as batidas do seu coração acelerado após o sexo
eu pude sentir com mais exatidão ontem
Como se tudo virasse poesia na minha cabeça
Nossas bobagens
Você me apertando
Eu lhe fazendo cócegas
A minha birra temporária
Você dizendo gostar de mim
e eu querendo saber como
Você diz que gosta do seu jeito
Eu não entendo
Mas volto sempre para a sua cama
E me despeço de mim.
sábado, 19 de agosto de 2017
Meu bem, meu B.
Como se fosse possível
Como se fosse verdade
Nossas pernas enroscadas
Num ameno inverno de agosto
Enquanto viramos brasa
Você me querendo até onde pode alcançar
Eu lhe querendo até me cansar
Seu cheiro acasalando com o meu
As trilhas das minhas unhas nas suas costas
ornamentando os sinais da sua pele
Delicadamente sinalizando
que eu caí de novo
Tropecei no seu discurso
de homem ambicioso
Dei de cara com a sua cara
Sua respiração embalando a minha
Enquanto eu me tornava sua
No único momento que lhe sinto meu
Suas mãos buscando lugares secretos
Minha boca ansiando pelo gosto predileto
O sal da sua pele
Sua essência de homem
confundindo-se com o aroma do seu perfume
Eu sou louca por você
Mas você não releva os meus dramas
E revela ser tão frio
quando não está sob meus dedos
Anunciando que sua precisão de mim
é somente epidérmica
Sendo que eu abri minhas pernas
e minha vida para você, que não me lê
Que não se deixa ficar e não me deixa ir
Você que me toca e me assopra
como quem beija uma flauta doce
Me enleando
Me tomando
Me desejando com força
Como se um dia fosse me olhar
E enxergar além
da menina que ri e bebe e rola com você na cama.
Como se fosse verdade
Nossas pernas enroscadas
Num ameno inverno de agosto
Enquanto viramos brasa
Você me querendo até onde pode alcançar
Eu lhe querendo até me cansar
Seu cheiro acasalando com o meu
As trilhas das minhas unhas nas suas costas
ornamentando os sinais da sua pele
Delicadamente sinalizando
que eu caí de novo
Tropecei no seu discurso
de homem ambicioso
Dei de cara com a sua cara
Sua respiração embalando a minha
Enquanto eu me tornava sua
No único momento que lhe sinto meu
Suas mãos buscando lugares secretos
Minha boca ansiando pelo gosto predileto
O sal da sua pele
Sua essência de homem
confundindo-se com o aroma do seu perfume
Eu sou louca por você
Mas você não releva os meus dramas
E revela ser tão frio
quando não está sob meus dedos
Anunciando que sua precisão de mim
é somente epidérmica
Sendo que eu abri minhas pernas
e minha vida para você, que não me lê
Que não se deixa ficar e não me deixa ir
Você que me toca e me assopra
como quem beija uma flauta doce
Me enleando
Me tomando
Me desejando com força
Como se um dia fosse me olhar
E enxergar além
da menina que ri e bebe e rola com você na cama.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Num sopro de letargia, eu sentia enquanto você abstraía
Enquanto lavo a louça
me pergunto se você pensa
Eu penso muito
Sua mão na minha perna
no caminho da sua casa
Você cantando alto no carro
E sorrindo como quem sabia
que podia dilacerar minha pretensão
Os meses correram
e eu te vi parado na faixa de pedestre
com outra mulher no carro
Talvez com a mão acariciando as pernas dela
E é tudo tão fugaz
Como se nós não tivéssemos acontecido
E você não tivesse repetido dezenas de vezes que
Gosta do meu gosto
Gosta do meu cheiro
Gosta do meu jeito
Pois sempre haverá
outros gostos e cheiros e jeitos
No outubro passado
você me enviava mensagens
todas as noites dizendo me querer
Ansiando minha presença
Como se somente eu fosse capaz de preenchê-lo
No último março você sentia a minha falta
Falta dos filmes franceses que lhe apresentei
Falta de tudo
Mas dissipamo-nos entre palavras
Você só me queria
até onde pudesse vulgarizar
todos os atos e sensações
Você soube dos outros homens que me feriram
Que me congelaram no tempo
Você me convidou para conhecer o fogo
Quando me aqueceu
Você assoprou o fósforo.
me pergunto se você pensa
Eu penso muito
Sua mão na minha perna
no caminho da sua casa
Você cantando alto no carro
E sorrindo como quem sabia
que podia dilacerar minha pretensão
Os meses correram
e eu te vi parado na faixa de pedestre
com outra mulher no carro
Talvez com a mão acariciando as pernas dela
E é tudo tão fugaz
Como se nós não tivéssemos acontecido
E você não tivesse repetido dezenas de vezes que
Gosta do meu gosto
Gosta do meu cheiro
Gosta do meu jeito
Pois sempre haverá
outros gostos e cheiros e jeitos
No outubro passado
você me enviava mensagens
todas as noites dizendo me querer
Ansiando minha presença
Como se somente eu fosse capaz de preenchê-lo
No último março você sentia a minha falta
Falta dos filmes franceses que lhe apresentei
Falta de tudo
Mas dissipamo-nos entre palavras
Você só me queria
até onde pudesse vulgarizar
todos os atos e sensações
Você soube dos outros homens que me feriram
Que me congelaram no tempo
Você me convidou para conhecer o fogo
Quando me aqueceu
Você assoprou o fósforo.
sábado, 3 de junho de 2017
Ontem à noite, a noite tava fria, tudo queimava, nada aquecia.
Você me causou danos irreparáveis
E te ver naquele breu noite passada
Desenraizou sensações profundas em mim
Enquanto Humberto Gessinger cantava
Que aquela noite, aquela noite estava fria
Tudo em mim doía
Eu gostei tanto de você, Dionísio
Para terminar assim
Me faltando luz, palavras e sossego
Você me olhou
como quem olha e se arrepende
um nanossegundo depois
Eu te acompanhei de fita
Vi você me ver fingindo que não via
Vi você destilar encantamentos em outros ouvidos
Vi uma mão pousar na sua perna
Outra mão acariciando seu ombro
Vi você tentando ser grande
Mesmo sendo tão parco e diminuto
Vi as luzes daquele bar refletindo
sua beleza ascendente
Me vi caindo
Por que você não vê?
Título: Piano bar - Engenheiros do Hawaii
E te ver naquele breu noite passada
Desenraizou sensações profundas em mim
Enquanto Humberto Gessinger cantava
Que aquela noite, aquela noite estava fria
Tudo em mim doía
Eu gostei tanto de você, Dionísio
Para terminar assim
Me faltando luz, palavras e sossego
Você me olhou
como quem olha e se arrepende
um nanossegundo depois
Eu te acompanhei de fita
Vi você me ver fingindo que não via
Vi você destilar encantamentos em outros ouvidos
Vi uma mão pousar na sua perna
Outra mão acariciando seu ombro
Vi você tentando ser grande
Mesmo sendo tão parco e diminuto
Vi as luzes daquele bar refletindo
sua beleza ascendente
Me vi caindo
Por que você não vê?
Título: Piano bar - Engenheiros do Hawaii
segunda-feira, 29 de maio de 2017
E vai ser apenas um incômodo primaveril
Depois que eu comecei a estudar Letras
Me sinto menos poética
Atrevo-me a dizer que meu eu lírico
Saiu para passear e perdeu o rumo de casa
São tantas teorias
querendo desmascarar a utopia
Os versos decassílabos
São chatíssimos quando paramos para contar
E os docentes tão insensíveis
Se lerem isso
Bem capaz de eu perder 1,5
só pela minha ousadia
De achar que escrevo alguma coisa
Eu perdi a paz
Eu perdi você
Foi por causa dos meus lábios desidratados?
Ou foi por que você não suportaria
se preocupar com outro umbigo além do seu?
Você me perdeu
Por que eu sou fantasiosa demais?
Ou por que quis me perder?
Noite passada eu chorei
Encontrei um livro rasgado
Depois chorei porque meu coração
está do mesmo estado
Eu finjo todos os dias desde aquele dia
Digo que não foi nada além de uma expectativa boba
Mas você tripudiou
lançou seu silêncio com tanto desdém
Eu quero esquecer
Parar de escrever sobre isso
Eu quero poder caminhar na rua da sua casa
Sem lembrar que lá é a sua morada
Eu quero fazer aniversário sem saber
que você também faz no mesmo dia
Eu quero fechar os olhos e apagar tudo
Eu quero não desviar assuntos e poemas
em direção a você.
Me sinto menos poética
Atrevo-me a dizer que meu eu lírico
Saiu para passear e perdeu o rumo de casa
São tantas teorias
querendo desmascarar a utopia
Os versos decassílabos
São chatíssimos quando paramos para contar
E os docentes tão insensíveis
Se lerem isso
Bem capaz de eu perder 1,5
só pela minha ousadia
De achar que escrevo alguma coisa
Eu perdi a paz
Eu perdi você
Foi por causa dos meus lábios desidratados?
Ou foi por que você não suportaria
se preocupar com outro umbigo além do seu?
Você me perdeu
Por que eu sou fantasiosa demais?
Ou por que quis me perder?
Noite passada eu chorei
Encontrei um livro rasgado
Depois chorei porque meu coração
está do mesmo estado
Eu finjo todos os dias desde aquele dia
Digo que não foi nada além de uma expectativa boba
Mas você tripudiou
lançou seu silêncio com tanto desdém
Eu quero esquecer
Parar de escrever sobre isso
Eu quero poder caminhar na rua da sua casa
Sem lembrar que lá é a sua morada
Eu quero fazer aniversário sem saber
que você também faz no mesmo dia
Eu quero fechar os olhos e apagar tudo
Eu quero não desviar assuntos e poemas
em direção a você.
segunda-feira, 22 de maio de 2017
Me morde, me assopra. Me faz de abrigo.
Segure minha mão
Vamos sentar naqueles degraus gelados
Você não consegue parar de falar
E eu vou me apaixonar de novo
Suas pernas tatuadas emboscaram
minhas pernas pálidas
Os mesmos olhos de azeviche
outra vez
Meu encantamento noturno
Continuamos a percorrer essas ruas largas
Não larga a minha mão
Fale sobre Montessori
Sobre a minha poesia
Fale sobre o quanto as árvores parecem mais bonitas
nas estradas quando você vem me ver
Quero te levar na feira
Comprar tâmaras de manhãzinha
na praça central
Me beija
Deixa-me dizer a eles
que vou te casar comigo
Meu menino
Meu João.
Vamos sentar naqueles degraus gelados
Você não consegue parar de falar
E eu vou me apaixonar de novo
Suas pernas tatuadas emboscaram
minhas pernas pálidas
Os mesmos olhos de azeviche
outra vez
Meu encantamento noturno
Continuamos a percorrer essas ruas largas
Não larga a minha mão
Fale sobre Montessori
Sobre a minha poesia
Fale sobre o quanto as árvores parecem mais bonitas
nas estradas quando você vem me ver
Quero te levar na feira
Comprar tâmaras de manhãzinha
na praça central
Me beija
Deixa-me dizer a eles
que vou te casar comigo
Meu menino
Meu João.
quarta-feira, 3 de maio de 2017
É bom se lembrar de respirar de novo, de novo.
Tu és a minha paixão favorita
Te escrevi versos silenciosos e gritantes
Durante esses dois anos
Te envolvi na minha esperança de reciprocidade
Te banhei na mitologia
Te chamei de Dionísio
E hoje tu nem lembras o meu nome
A fachada da loja que tanto citei nos meus poemas
Hoje é de outra cor
E não me dói mais
Mas é tudo tão estranho
Eu acho que vou te querer toda minha vida
Quando estiver gostando de alguém
E não mais escrever
E todas as vezes que um cara me magoar
Vou continuar lembrando de ti
Como alguém que soube me olhar de verdade
E me despiu dentro daquele bar abarrotado de gente
Somente por me reconhecer tecelã mulher poesia
Tu me tocaste
E ninguém vai saber o quão inteira fui na ilusão que eu sentia
Teus olhos ainda são os mais lindos dessa cidade
Feliz aniversário, meu bem.
Te escrevi versos silenciosos e gritantes
Durante esses dois anos
Te envolvi na minha esperança de reciprocidade
Te banhei na mitologia
Te chamei de Dionísio
E hoje tu nem lembras o meu nome
A fachada da loja que tanto citei nos meus poemas
Hoje é de outra cor
E não me dói mais
Mas é tudo tão estranho
Eu acho que vou te querer toda minha vida
Quando estiver gostando de alguém
E não mais escrever
E todas as vezes que um cara me magoar
Vou continuar lembrando de ti
Como alguém que soube me olhar de verdade
E me despiu dentro daquele bar abarrotado de gente
Somente por me reconhecer tecelã mulher poesia
Tu me tocaste
E ninguém vai saber o quão inteira fui na ilusão que eu sentia
Teus olhos ainda são os mais lindos dessa cidade
Feliz aniversário, meu bem.
terça-feira, 11 de abril de 2017
Obrigada, por repugnar meus frágeis sentimentos
Eu deveria ter pedido para você me escutar naquela noite, sentado ao meu lado na cama. Me escutar como se eu fosse uma pessoa que você acabara de conhecer no supermercado, igualzinho naqueles clichês cinematográficos. Aonde um dos personagens precisa discorrer algo seríssimo, senão explode. Precisava que você me escutasse dizer que eu queria que alguém gostasse de mim sem medo. Sem medo do piegas, sem medo de lembrar de mim no meio da tarde e me enviar uma mensagem, 'lembrei de você e você deve saber'.
Eu gostaria de ter dito que mereço mais do que compartilhar risos pós sexo e que quero gostar de alguém sem medo de ser ridícula, eu devia mesmo ter te dito todas essas coisas e ter te tirado para amigo depois de todas as transas fervorosas, porque no fundo eu sabia, você não queria e não podia me dar mais que isso. Mais que suores dissolvidos num disfarce de 'nos vemos durante a semana', sabendo que não nos veríamos, não.
Você não sabia abreviar a sua vontade de mim me dizendo bom dia, isso não cabe nessa era de sentimentos líquidos, como previu Bauman. E é uma pena. A dúvida do "se" azucrina a minha cabeça, talvez, se eu tivesse te dito tudo, eu não teria te tirado desse modo brusco da minha vida. A máxima de 'quem se importa procura' é verídica. Eu te tirei da minha vida e você se distraiu demais para me procurar. Sim, no fundo eu sabia.
Imagem: Tina Maria Elena
domingo, 9 de abril de 2017
Eu esvazio a esperança. Dessa dança eu entendo. Remendo deveria ser meu sobrenome.
Queria não me magoar
tentando te agredir
Beijando outras bocas
enquanto você lava os seus lençóis
para me esquecer depressa
Você não me diz mais nada
Eu também não digo
Ontem li uma frase
Não sei de quem é
Ínfima
Ela me lembrou do
Cansaço de todas as hipóteses
Eu só quero me apaixonar por alguém
que faça tocar Cyndi Lauper
dentro do meu coração.
Título: Fábio Chap
tentando te agredir
Beijando outras bocas
enquanto você lava os seus lençóis
para me esquecer depressa
Você não me diz mais nada
Eu também não digo
Ontem li uma frase
Não sei de quem é
Ínfima
Ela me lembrou do
Cansaço de todas as hipóteses
Eu só quero me apaixonar por alguém
que faça tocar Cyndi Lauper
dentro do meu coração.
Título: Fábio Chap
quarta-feira, 29 de março de 2017
Me sorria no escuro a tristeza mais ornamental, não é mesmo, Dionísio?
Deu vontade de lembrar
Mesmo que eu escreva coisas indizíveis
ou me repita de novo
Eu sempre decoro com flores e perfume doce
quem me fere com amargura
Eu lembro dos seus olhos cintilando
na mísera luz daquele banheiro
Enquanto eu lutava para acreditar que realmente
podia te tocar a qualquer minuto
Entre mãos
e braços
Beijos e abraços
Plagiando Leoni
Eu cuidaria sempre de você
Não me importando
com qualquer paixão primaveril
que possa me acometer pelo meio do caminho
Aquele Outro
um dia me perguntou
Se eu iria se você chamasse
Eu iria na hora
Você sabe
Porque só te olhando
eu me sinto viva
Pequena cortesã
de sentimentos majestosos
Assim me faço tua
me sentindo inteira
Na mentira
No desejo
No precipício.
Mesmo que eu escreva coisas indizíveis
ou me repita de novo
Eu sempre decoro com flores e perfume doce
quem me fere com amargura
Eu lembro dos seus olhos cintilando
na mísera luz daquele banheiro
Enquanto eu lutava para acreditar que realmente
podia te tocar a qualquer minuto
Entre mãos
e braços
Beijos e abraços
Plagiando Leoni
Eu cuidaria sempre de você
Não me importando
com qualquer paixão primaveril
que possa me acometer pelo meio do caminho
Aquele Outro
um dia me perguntou
Se eu iria se você chamasse
Eu iria na hora
Você sabe
Porque só te olhando
eu me sinto viva
Pequena cortesã
de sentimentos majestosos
Assim me faço tua
me sentindo inteira
Na mentira
No desejo
No precipício.
segunda-feira, 20 de março de 2017
Não usurpe a decência de quem possui um coração
Na cena
A televisão disfarçando a obscuridade do quarto
Lençóis revirados
Ela sentada na cama de costas pra ele
Ele deitado
Percorrendo os dedos pelo pescoço dela
Proferiu:
Gosto de você! Você sabe, né?
-
Será que ela sabia?
Mas que gostar é esse?
Um gostar entre orgasmos somente?
Será que ela sou eu?
Será que Eros olha por nós enquanto eu escrevo essas coisas?
Enquanto ele gosta de um jeito estranho?
Enquanto ela duvida com veemência?
quarta-feira, 8 de março de 2017
Me chama. Me toca sim, mas me cuida.
Você disse que sentia a minha falta
E eu fui correndo
Pois a minha saudade era tanta
Nos emaranhamos em desejo e ternura
Como se não existisse distância
Seu cheiro de roupa limpa
Sua expressão de sentidos bagunçados
Passear pelo seu corpo
brincando nas sinuosidades
Eu sempre volto pra você
Eu sempre me deterioro por você
Eu apodreço em suas mãos
mesmo que você me colha na hora certa
Nunca serei madura dentro desse declínio
Você me abraça e o mundo não para
E eu padeço pelo excesso de realidade
Você não é meu
Eu sou a sua pequena, viu?
Você disse isso nos meus ouvidos
e eu consinto
E te sinto,
na medida que você me permite.
E eu fui correndo
Pois a minha saudade era tanta
Nos emaranhamos em desejo e ternura
Como se não existisse distância
Seu cheiro de roupa limpa
Sua expressão de sentidos bagunçados
Passear pelo seu corpo
brincando nas sinuosidades
Eu sempre volto pra você
Eu sempre me deterioro por você
Eu apodreço em suas mãos
mesmo que você me colha na hora certa
Nunca serei madura dentro desse declínio
Você me abraça e o mundo não para
E eu padeço pelo excesso de realidade
Você não é meu
Eu sou a sua pequena, viu?
Você disse isso nos meus ouvidos
e eu consinto
E te sinto,
na medida que você me permite.
quarta-feira, 1 de março de 2017
Eu continuo dançando sozinha
17
o número de dias que não nos falamos
Desta vez eu sinto que vai ser para sempre
já que eu disse pra ele fingir que não me conhece
acaso me veja na rua
Ele tirou minha roupa inúmeras vezes
ele tirou de mim a vontade de ser alguém só
Mas estou só agora
no fim de um carnaval fatídico
Noutrora ele disse que
eu fazia um grande evento sobre todas as coisas
Vai ver porque não sabia lidar com a minha alma festiva
Eu não podia esperar mais
do que uma recepção sexualmente calorosa
de alguém que só dormiu do meu lado uma única vez
Sempre havia um porém
Sempre um mas para desestruturar a história
Nunca nos vimos numa festa
no meio de pessoas chatas
Nunca pude sentir ciúmes
de outra mulher na sua volta
Não que eu quisesse isso
Por mais que eu sinta ciúmes até hoje
ao saber da sua estadia em sites de relacionamentos fáceis
Mas nunca o vi no meio da multidão
pra ter certeza que ele era único pra mim
Não lembro da sua altura perto de mim
porque sempre lhe via sentado no banco do carro
ou deitado na cama
Eu posso lembrar do seu riso
do seu cheiro
e do gosto da sua pele na minha boca
Mas é tudo tão amargo
quando eu lembro do quanto ele se desfez
ao destilar seu desdém em poucas palavras
Como se fosse fácil encontrar alguém como eu
num próximo clique.
Good Lucky
o número de dias que não nos falamos
Desta vez eu sinto que vai ser para sempre
já que eu disse pra ele fingir que não me conhece
acaso me veja na rua
Ele tirou minha roupa inúmeras vezes
ele tirou de mim a vontade de ser alguém só
Mas estou só agora
no fim de um carnaval fatídico
Noutrora ele disse que
eu fazia um grande evento sobre todas as coisas
Vai ver porque não sabia lidar com a minha alma festiva
Eu não podia esperar mais
do que uma recepção sexualmente calorosa
de alguém que só dormiu do meu lado uma única vez
Sempre havia um porém
Sempre um mas para desestruturar a história
Nunca nos vimos numa festa
no meio de pessoas chatas
Nunca pude sentir ciúmes
de outra mulher na sua volta
Não que eu quisesse isso
Por mais que eu sinta ciúmes até hoje
ao saber da sua estadia em sites de relacionamentos fáceis
Mas nunca o vi no meio da multidão
pra ter certeza que ele era único pra mim
Não lembro da sua altura perto de mim
porque sempre lhe via sentado no banco do carro
ou deitado na cama
Eu posso lembrar do seu riso
do seu cheiro
e do gosto da sua pele na minha boca
Mas é tudo tão amargo
quando eu lembro do quanto ele se desfez
ao destilar seu desdém em poucas palavras
Como se fosse fácil encontrar alguém como eu
num próximo clique.
Good Lucky
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
...
Não sei aonde você se esconde
quando não lhe vejo em estacionamentos
e correndo no fim de uma sexta-feira quente
Você sumiu dos bares
Das noites
Mas não dos meus poemas
Mesmo que eu conheça cem homens
e escreva sobre mais dez
Nem um possui sua vulgaridade estonteante
Ninguém desperta em mim
essa paixão descomunal
Que faz eu desgostar de Tim Maia
Só por saber que você o escuta
pensando em outra pessoa
Eu penso em você
quando algum outro me põe a faca no peito
Corta meu coração a lâmina
somente por não se interessar
em conhecer a Adélia Prado
Tim disse por você
que ela partiu e nunca mais voltou
Tim disse por mim
que meu coração pensa
que não vai ser possível
Mas toda vez que eu olho...
quando não lhe vejo em estacionamentos
e correndo no fim de uma sexta-feira quente
Você sumiu dos bares
Das noites
Mas não dos meus poemas
Mesmo que eu conheça cem homens
e escreva sobre mais dez
Nem um possui sua vulgaridade estonteante
Ninguém desperta em mim
essa paixão descomunal
Que faz eu desgostar de Tim Maia
Só por saber que você o escuta
pensando em outra pessoa
Eu penso em você
quando algum outro me põe a faca no peito
Corta meu coração a lâmina
somente por não se interessar
em conhecer a Adélia Prado
Tim disse por você
que ela partiu e nunca mais voltou
que meu coração pensa
que não vai ser possível
Mas toda vez que eu olho...
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
A pior forma de solidão é o sexo sem amor
Preciso de um abajur novo. Lembrei que não tenho um abajur. Quando nos beijamos tocou Nando Reis no seu carro. Mas você desligou o som, talvez por achar que era demais pra nós dois. Não queria escrever sobre isso. Mas a música pedia para você cuidar bem de mim, misturar tudo dentro de nós. Depois só pude ouvir sua boca estalando na minha pele. Será mesmo que ninguém vai dormir nossos sonhos? Você some da minha vida e eu sempre torço para ser a última vez. Eu brigo, eu maldigo, peço para você apagar meu número. Duas semanas depois estou lhe procurando bêbada às 6 da manhã. No mesmo dia nos avistamos numa avenida abarrotada de carros e transeuntes. Você não diz nada. Eu juro não lhe querer nunca mais. Mas sonho com você, escuto amigas dizendo que você não me merece, mas que talvez daqui há um mês me procure como se estivesse tudo bem. Você sabe que o tempo não faz as coisas ficarem bem. Já lhe disse isso. O tempo está me dizendo que algum hábito meu o desagradou. Meu hábito de querer atenção.
Título: Nelson Rodrigues
Título: Nelson Rodrigues
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
Solidão é coisa séria e ela também se esconde, não menos esplendorosa, em pequenas e descartáveis histórias como a nossa
Durante o processo de esquecimento
qualquer mera lembrança
rodopia
insinuando-se
No domingo você lembra
que o jogo de futebol
do time dele passará na tv
Na segunda-feira um carro
igual ao dele
cruza há duas quadras
e suas pernas recriam um terremoto
Na terça-feira entre às 19 ou 20h
lembra que ele está na academia
Já na quarta-feira ele deve
estar procurando algo na Netflix,
ou no Tinder
Na quinta-feira ele abrevia a cerveja
com os amigos
num posto de conveniência,
percorre a agenda do Whatsapp
e envia uma mensagem
para a pessoa mais acessível
do momento - Já fui essa pessoa
Na sexta-feira você lembra
que ele vai trabalhar escutando um jazz
no último volume,
consequentemente, lembra que
ele disse um dia
ter gravado uma playlist
da Billie Holiday para você,
mas nunca escutaram juntos
Na madrugada de sexta
para sábado, você imagina que
ele pode estar transando
na garagem de casa
com alguma mulher
mais jovem que você - como vocês já fizeram
Toda semana você lembra
Que ele era a sua alma gêmea
- Mas só na cama
E que ele personificou o cara mais maduro
só por querer ver a sua calcinha
Enquanto você queria que
ele visse seus poemas
Sem se assustar.
Título: Ele precisava ser longo, pois, Tati Bernardi se doeu ao escrevê-lo por mim.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Ruge pra mim, feito felino. Me fere com a verdade de querer-me na medida do possível.
Eu escorreguei na nudez dele
E meus pés descalços temeram esmagar qualquer chance
De libertação
Que o tatear captasse
dentro daquele quarto escuro
Dizíamos coisas disformes
Porque não nos importávamos com mais nada
Gonzaguinha poderia rasgar sua voz no rádio
Que continuaríamos inteiros
Dissimulando disfarçando escondendo
Sem revelar jamais
Que poderíamos sim
Caber numa conta de mais
Descendo ladeiras
Vislumbrando um céu de chumbo
Escrevendo sobre a solidão embaixo do viaduto
Em qualquer circunstância
Eu não sei me fazer interessante
para quem me interessa
Quem me despe não me olha
Quem me olha não quer me tocar
Queria que ele soubesse ficar
E fizesse uma planta brotar na minha face
Tão selvagem e impalpável
Áspera e cortante
Só para retratar o contrário
do que sou por dentro
Por dentro eu sou azul
Ele saberia disso se ficasse.
Arte: Agnes Cecile
E meus pés descalços temeram esmagar qualquer chance
De libertação
Que o tatear captasse
dentro daquele quarto escuro
Dizíamos coisas disformes
Porque não nos importávamos com mais nada
Gonzaguinha poderia rasgar sua voz no rádio
Que continuaríamos inteiros
Dissimulando disfarçando escondendo
Sem revelar jamais
Que poderíamos sim
Caber numa conta de mais
Descendo ladeiras
Vislumbrando um céu de chumbo
Escrevendo sobre a solidão embaixo do viaduto
Em qualquer circunstância
Eu não sei me fazer interessante
para quem me interessa
Quem me despe não me olha
Quem me olha não quer me tocar
Queria que ele soubesse ficar
E fizesse uma planta brotar na minha face
Tão selvagem e impalpável
Áspera e cortante
Só para retratar o contrário
do que sou por dentro
Por dentro eu sou azul
Ele saberia disso se ficasse.
Arte: Agnes Cecile
sábado, 14 de janeiro de 2017
Precipita tua fome e reconheça-me como Senhora D. Derrelição. Obscena.
Lembro
Enquanto assisto televisão
Saio para passear
Ou me vejo à toa
Lembro
Do cheiro
Da boca
Das mãos
Do teu peso sobre mim
E da leveza que de mim sai
E paira sobre o ar
Tu pareces
não valer muita coisa
Talvez caiba
no meu orçamento
Dizes não ser o homem
que eu penso
Mas eu penso em tantas coisas
Meu interesse se alastra
A repulsa
por essa casualidade também
Meu corpo te quer
Porém, eu cansei de ser
teu subterfúgio
As artimanhas
para me emaranhar nesse desejo
São tão vis quanto deleitosas
Tu sabes como eu gosto
Eu sou mera aprendiz
Me deixa queimar
dentro dessa fixação inflamável
E lembre do meu nome
em meio às chamas
Me chama.
Título: Referência a Hilda Hilst
Enquanto assisto televisão
Saio para passear
Ou me vejo à toa
Lembro
Do cheiro
Da boca
Das mãos
Do teu peso sobre mim
E da leveza que de mim sai
E paira sobre o ar
Tu pareces
não valer muita coisa
Talvez caiba
no meu orçamento
Dizes não ser o homem
que eu penso
Mas eu penso em tantas coisas
Meu interesse se alastra
A repulsa
por essa casualidade também
Meu corpo te quer
Porém, eu cansei de ser
teu subterfúgio
As artimanhas
para me emaranhar nesse desejo
São tão vis quanto deleitosas
Tu sabes como eu gosto
Eu sou mera aprendiz
Me deixa queimar
dentro dessa fixação inflamável
E lembre do meu nome
em meio às chamas
Me chama.
Título: Referência a Hilda Hilst
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